Análise da participação do inflamassona na infecção crônica por HIV correlacionando com a susceptibilidade a doenças infecciosas e não infecciosas

Abstract

O HIV, descoberto em 1983, é o agente causador da AIDS, o qual, pertence à família Retroviridae e gênero Lentiviridae, que afetam animais, além de fazer parte do grupo de vírus citopáticos e não-oncogênicos. Este vírus detém uma enzima denominada transcriptase reversa, que permite a retrotranscrição do ácido ribonucléico viral, para uma cópia de ácido desoxirribonucléico, viabilizando, assim, sua integração ao genoma da célula-alvo, principalmente os linfócitos TCD4+ . O vírus tem variadas vias de transmissão, podendo ser por via sexual, intravenosa ou vertical. Por meio da pesquisa utilizando artigos científicos, realizou-se um levantamento bibliográfico sobre a relação entre o vírus e o sistema imunológico, com maior enfoque na relação entre HIV e inflamassoma. Existem diversos fatores genéticos e imunológicos do hospedeiro, que determinam em conjunto essa relação. Assim, como parte do sistema imunológico, o inflamassoma demonstra possuir importante papel no curso da infecção por HIV, assim como em casos de co-infecções e em doenças não infecciosas. O inflamassoma faz parte de um grande sistema que orquestra a inflamação frente a estímulos não fisiológicos e é principalmente encontrado em células da resposta imune inata. Esse complexo multiproteico, após o reconhecimento de PAMPs e DAMPs, desencadeia cascatas de sinalização, proporcionando a síntese e liberação de citocinas pró-inflamatórias, IL-1ß e IL-18, bem como, a clivagem da proteína gasdermina D. Essas citocinas por sua vez auxiliam no desencadeamento da resposta imune mais robusta e modula a resposta adaptativa, podendo também, levar a morte celular programada, piroptose. Em indivíduos infectados há expressão aumentada dos componentes do inflamassoma, por exemplo, NLRP1, NLRP3, AIM2, ASC e IL-1ß, o que está correlacionado com a carga viral. Apesar de seu papel importante, caso haja desregulação em sua ação, podendo ser por consequência de polimorfismos, pode acarretar no desenvolvimento de outras doenças, como as doenças auto-imunes, ou até mesmo alguns tipos de câncer. Entretanto, alguns polimorfismos podem também oferecer proteção à patógenos, assim como em doenças infecciosas e não infecciosas, no contexto do HIV. Dentre eles destacam-se, respectivamente, M. tuberculosis, HCV e HTLV; e transtornos neurocognitivos e doenças cardiovasculares. Polimorfismos como o rs35829419, gera ganho de função do NLRP3, demonstra possuir importância na atividade da resposta imune e, adicionalmente, pode-se observar diversas alterações nos níveis de expressão do inflamassoma o que pode mostrar uma relação entre HIV e o complexo, além de estar vinculado a contagem de TCD4+ , a susceptibilidade a co-infecção por HCV e, ademais, limita o crescimento de M. tuberculosis. Já o polimorfismo rs10754558 do NLRP3, está associado a um efeito protetor a infecção por HIV co-infecção por HTLV1. Finalmente, o polimorfismo rs2043211 da proteína inibidora do NLRP3, a CARD8, parece gerar elevada resposta imunológica, isso porque ele confere a perda de função da proteína, favorecendo a ativação do inflamassoma NLRP3.