A neurobiologia da anorexia nervosa

Abstract

A anorexia nervosa é uma doença mental grave, caraterizada pela restrição da ingestão alimentar, medo intenso de ganhar peso ou engordar e distorção da imagem corporal. A anorexia nervosa é classificada segundo os tipos restritivo e purgativo, sendo o tipo restritivo o mais comum. Os complexos sintomas de consumo alimentar dos transtornos alimentares são relativamente únicos e têm uma expressão estereotípica, apoiando a possibilidade de que eles refletem alguma função aberrante dos circuitos neurais envolvidos na regulação do comportamento alimentar. As intervenções terapêuticas atuais têm sucesso modesto. Uma melhor compreensão dos neurocircuitos que podem estar relacionados à alteração do apetite, humor, controle dos impulsos e outros sintomas subjacentes à fisiopatologia da AN pode melhorar as estratégias psicoterapêuticas e de tratamento medicamentoso. OBJETIVO: A revisão integrativa da literatura apresentada nesta dissertação, tem como objetivo integrar achados de estudos farmacológicos, comportamentais e de neuroimagem que contribuem para a compreensão da regulação do apetite, recompensa, neurotransmissores e neurocircuitos associados à AN. METODOLOGIA: Na realização desta revisão foram utilizados artigos publicados nas bases de dados Pubmed, Scielo e Google Acamêmico. Os critérios de seleção para os artigos recaem no tema da anorexia nervosa, mais especificamente a sua neurobiologia. São apenas consideradas publicações entre o ano de 1990 e 2018, escritas em português, inglês ou espanhol. CONCLUSÃO: A comida é prazerosa em indivíduos saudáveis, mas a alimentação é ansiogênica em pacientes com AN, e a fome serve para reduzir os estados de humor disfórico. Os mecanismos neurobiológicos responsáveis por tais comportamentos estão relacionados à distúrbios da 5-HT e à DA. Indivíduos com AN apresentam consciência interoceptiva alterada, o que leva estes a experimentarem uma sensação aversiva quando expostos a alimentos ou estímulos relacionados a comida.