Perfil de aleitamento e alimentação complementar em lactentes

Abstract

O aleitamento materno e a alimentação complementar saudável podem reduzir a ocorrência de morte e doenças na infância, sendo consideradas ações imprescindíveis para a saúde da criança. O objetivo deste estudo foi caracterizar o perfil de aleitamento e alimentação complementar e sua influência sobre o estado nutricional em lactentes. Trata-se de um estudo observacional e retrospectivo realizado por meio de entrevista telefônica conduzida com lactantes recrutadas na fase de pré-natal no Hospital e Maternidade Guilherme Álvaro em Santos-SP. A amostra foi composta por 36 díades de mães e filhos. Foram investigadas a ocorrência e duração de aleitamento materno exclusivo, perfil de aleitamento e alimentação complementar, idade de início da introdução alimentar e os dados antropométricos atuais e de nascimento. O estado nutricional das crianças foi avaliado pelos índices antropométricos, utilizando-se o software Anthroplus. A investigação da alimentação complementar no dia anterior a entrevista foi realizada aplicando-se o questionário de marcadores para consumo alimentar na atenção básica, sugerido pelo Ministério da Saúde, e a análise qualitativa do consumo considerando as recomendações do novo Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos. A análise estatística foi realizada utilizando-se o software Statistica 7.0, considerando-se nível de significância de p <0,05. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) (nº 2.689447) e do Hospital Guilherme Álvaro (nº 3.081.628). A idade média atual dos lactentes foi de 13,1±2,5 meses. A duração média para o aleitamento materno exclusivo foi de 5,0±1,8 meses e a duração média total do aleitamento materno foi de 7,7±3,8 meses. A maior porcentagem das crianças (75%) recebeu a introdução alimentar aos 6 meses idade. O início da oferta do leite de vaca ocorreu em média aos 7,7±2,8 meses, sendo que 75% consumiram leite de vaca antes dos 12 meses de idade. Quanto ao perfil da alimentação complementar, notou-se consumo elevado de alimentos ultra processados: 30,6% receberam carne de hamburguer e/ou embutidos (presunto, mortadela, salame, linguiça, salsicha), 30,6% ingeriram bebidas adoçadas, 25% consumiram macarrão instantâneo, salgadinhos de pacote ou biscoitos salgados e 47,2% receberam biscoito recheado, doces ou guloseimas. Quanto ao estado nutricional, 83,3% apresentaram peso adequado para idade. O índice peso para idade correlacionou-se positivamente com o peso ao nascer e negativamente com a duração do aleitamento materno e com a idade de início da oferta do leite de vaca em pó. Verificou-se associação positiva entre introdução alimentar precoce e o estado nutricional obtido pelo índice antropométrico de peso por comprimento. A prevalência de obesidade foi maior entre lactentes que se alimentaram precocemente. O fato da criança ainda estar recebendo aleitamento materno também se associou a maior porcentagem de crianças com peso adequado para idade, assim como a prevalência de crianças com peso excessivo que foi significativamente maior entre aqueles que não são mais amamentados. Conclui-se que o aleitamento materno e a alimentação complementar relacionam-se com o estado nutricional de crianças menores de 2 anos de idade. Evidencia-se a importância de estratégias de educação alimentar e nutricional na atenção básica, eficazes para maior conscientização acerca das recomendações sobre aleitamento materno e alimentação complementar.