Aspectos neurobiológicos da síndrome de Tourette associada aos transtornos obsessivo-compulsivo e de déficit de atenção e hiperatividade

Abstract

Este trabalho apresenta como tema central a Síndrome de Tourette, transtorno psiquiátrico do neurodesenvolvimento, caracterizado pela presença de tiques motores e fônicos. O objetivo deste trabalho é discorrer sobre os aspectos científicos e clínicos mais relevantes da Síndrome de Tourette, Transtorno Obsessivo-Compulsivo e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade e investigar as possíveis relações neuroanatômicas e neurofisiológicas dessas três doenças. Entre os períodos de agosto de 2016 a julho de 2018, foi realizado um levantamento de dados em bases de dados científicas, especialmente o PUBMED e em livros disponíveis no Sistema de Bibliotecas Integradas Pe. Inocente Radrizzani e no mecanismo de busca Google Books. A teoria melhor elaborada, discutida e aceita na literatura postula que tanto o aparecimento da Síndrome de Tourette, quanto do Transtorno Obsessivo-Compulsivo e do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade são decorrentes de falhas no circuito córtico-estriado-tálamo-cortical, que por sua vez, faz conexões com um conjunto de estruturas neurais chamadas núcleos da base, responsáveis por controlar funções motoras complexas. Após a análise das informações levantadas, foi constatado que os pacientes que desenvolvem esses transtornos, apresentam alterações metabólicas, neuroquímicas e volumétricas especificamente na região do núcleo estriado (caudado e putâmen), responsável por filtrar estímulos provenientes do córtex motor. As evidências sugeriram que um núcleo estriado disfuncional predispõe desinibições motoras no caso da Síndrome de Tourette e do Transtorno Obsessivo-Compulsivo, além de desinibições comportamentais no caso do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Também foi possível verificar que o manejo terapêutico desses transtornos em comorbidade se dá de acordo com o grau de prejuízo social e físico que cada um acarreta, e que a terapia deve ser baseada nos princípios de segurança do paciente e eficácia do tratamento.