A influência da dieta cetogênica na terapia do glioblastoma multiforme

Abstract

Atualmente, 8,2 milhões de pessoas por ano morrem de câncer no mundo e a estimativa é que este número cresça 70% nas próximas duas décadas. O glioblastoma multiforme pertence à classe dos gliomas e é a forma mais letal entre os cânceres que acometem o cérebro. O objetivo desta revisão bibliográfica é discutir a utilização da dieta cetogênica como uma terapia adjuvante para o tratamento do glioblastoma multiforme, baseando-se nas condições metabólicas específicas das células neoplásicas. A neoplasia é o resultado de mudanças múltiplas no equilíbrio da função celular, fazendo com que as células neoplásicas utilizem preferencialmente a glicólise anaeróbica para suas necessidades metabólicas. Estas células apresentam certa incapacidade de se adaptar a outras fontes para geração de energia. Além disso, as células neoplásicas apresentam o chamado ?efeito de Warburg?, que consiste, em resumo, em uma alteração na expressão de proteínas reguladoras da via glicolítica, fazendo com que esta via seja superestimulada em detrimento da fosforilação oxidativa. Sendo assim, as neoplasias apresentam maior dependência da glicose em relação às células saudáveis. Com isso, uma possível proposta para auxiliar no tratamento do glioblastoma multiforme, seria diminuir drasticamente a oferta de glicose no organismo através da utilização da dieta cetogênica. Uma dieta cetogênica é caracterizada por uma alta composição de gordura e muito baixa de carboidratos, resultando na elevação dos corpos cetônicos, que podem ser tóxicos para as células tumorais e apresentar papel importante na proteção das células normais durante a radioterapia ou quimioterapia. Embora os resultados de estudos clínicos que empregam a dieta cetogênica no tratamento do câncer ainda sejam limitados, os resultados obtidos a partir de modelos animais e em humanos até o momento são encorajadores e mostram que a dieta apresenta uma opção viável como terapia complementar para o câncer.