A maior causa de morte do século XXI: doenças cardiovasculares aterotrombóticas condicionadas pelo quadro inflamatório de indivíduos obesos resistentes à insulina

Abstract

As doenças cardiovasculares (DCV) são as principais causas de morte no mundo ocidental. A formação da placa de ateroma é um mecanismo patológico ligado a deposição de low density lipoprotein colesterol (LDL-c) e fagócitos na região subendotelial de artérias, o qual causa diminuição da luz dos vasos sanguíneos, processo comum a todos os tipos de DCV. Apesar da existência de diversos fatores de risco cardiovascular (FRCV), como tabagismo, dislipidemias, alcoolismo, uso de medicamentos, hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus tipo 2 (DMT2), predisposição genética e outros, o excesso de tecido adiposo, principalmente de origem visceral, se mostra como uma peça chave no desenvolvimento de distúrbios vasculares. Isso é justificado pela sua participação na gênese do perfil inflamatório, através da síntese suprafisiológica de algumas adipocinas, que são moléculas produzidas pelo tecido adiposo, como fator de necrose tumoral alfa (TNF-a), componentes do sistema renina-angiotensina, interleucina 6 (IL-6), Proteína C reativa (PCR), Inibidor do ativador de plasminogênio (PAI-1), leptina e resistina. Em contrapartida, é observável uma diminuição da síntese de adiponectina, a única adipocina que desempenha papel anti-inflamatório. Esse quadro inflamatório é determinante tanto na perpetuação da aterogênese de forma direta, ou seja, aumento da quimiotaxia de fagócitos e sua entrada na camada íntima dos vasos, quanto na intensificação de outros FRCV, que é o caso da resistência à insulina, a qual está ligada a hiperglicemia e estresse oxidativo. Mais de 75% das mortes por doenças cardiovasculares ocorrem em países de baixa e média renda, o que nos remete à necessidade de enfrentamento desse problema de saúde pública. É necessário um esforço maior na implantação de políticas públicas para prevenção da obesidade, um dos principais FRCV. Tais medidas representam um grande desafio às autoridades competentes, pois a indústria de alimentos detém grande poder político, principalmente no Brasil.