A influência da alimentação infantil no desenvolvimento de autoimunidade em crianças e adolescentes

Abstract

Introdução: Os primeiros anos de vida são extremamente importantes para a criação dos hábitos alimentares, com repercussões na saúde do indivíduo em etapas futuras. O sistema imunológico é considerado imaturo ao nascimento, sendo desenvolvido e fortalecido a partir da ingestão de nutrientes e fatores imunológicos provenientes da alimentação nos primeiros mil dias de vida, sendo que o aleitamento materno representa uma das experiências nutricionais mais precoces do recémnascido. O Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) é uma das doenças auto-imunes mais comuns, sendo caracterizada pela destruição da célula ß pancreáticas, que leva ao estágio de deficiência absoluta na produção de insulina. É considerada a segunda doença crônica mais frequente observada na infância, sendo responsável por 90% dos casos de diabetes nesta faixa etária. Objetivo: Investigar aspectos nutricionais relacionados ao desenvolvimento da autoimunidade em crianças e adolescentes. Métodos: Foi realizado uma revisão bibliográfica com pesquisa de artigos científicos publicados a partir de 2006 nas bases de dados LILACS, SCIELO e MEDLINE, nos idiomas em português e inglês. Utilizou-se a técnica booleana (AND, OR, NOT). Desenvolvimento: O sistema imunológico neonatal é um sistema imaturo que sofre mudanças constantes, e sabe-se que existem vários fatores exógenos desencadeantes de DM1, como fatores dietéticos. Estudos recentes indicam que a autoimunidade pode ser desenvolvida por estímulos envolvidos na programação metabólica. As evidências disponíveis consideram o tempo reduzido ou ausência do aleitamento materno como possível fator de risco modificável para a manifestação de autoimunidade. Mecanismos de proteção contra o DM1 proporcionados pelo leite materno incluem imunidade passiva fornecida pela imunoglobulina A secretora, aumento da proliferação de células ß em comparação a lactentes alimentados com fórmula e exposição retardada a antígenos alimentares. Estudos mostram que a exposição precoce a proteínas do leite de vaca no primeiro ano de vida pode aumentar a permeabilidade intestinal, causar inflamação da mucosa intestinal e aumentar o risco de autoimunidade de células ß. Outro fator envolvido na autoimunidade é a colonização intestinal desequilibrada, que é influenciada diretamente pelo tipo de aleitamento e alimentação nos primeiros anos de vida. O consumo alimentar pode moldar a estrutura e a atividade da microbiota intestinal, que, por sua vez, produz inúmeras moléculas que são absorvidas pelo hospedeiro e estão envolvidas na regulação de processos fisiológicos e do sistema imunológico. Conclusão: Aspectos nutricionais no início da vida, como ausência de aleitamento materno e introdução precoce de alérgenos alimentares, como o leite de vaca, podem estar envolvidos no desenvolvimento de doenças autoimunes, como DM1. O aleitamento materno é fundamental para a promoção e proteção da saúde do recémnascido, prevenindo doenças crônico-degenerativas na vida adulta.