Adesão terapêutica entre indivíduos idosos que frequentam o centro social nossa Senhora do Rosário

Abstract

O processo de transição demográfica, caracterizado pelo aumento da população idosa, resulta na prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, tornando esta população a principal consumidora de medicamentos. Considerando o tratamento simultâneo das doenças que acometem os idosos, o aumento da complexidade terapêutica pode interferir na adesão ao tratamento e controle da doença. A adesão ao tratamento é uma atitude ativa, com o envolvimento voluntário e colaborativo do paciente numa ação conjunta com o profissional. Assim, o objetivo do estudo foi descrever a adesão e complexidade terapêutica entre indivíduos idosos que frequentam um programa ambulatorial de atendimento ao idoso com doença crônica. Tratou-se de uma análise descritiva, quantitativa, transversal, com amostragem de 85 indivíduos, com 60 anos ou mais, independentes nas suas atividades de vida diária, que não apresentavam problemas cognitivos e/ou psiquiátricos diagnosticados, e frequentavam o serviço de atendimento na Paróquia Nossa senhora do Rosário há pelo menos um mês. A coleta de dados iniciou após aprovação da pesquisa pelo CoEP mediante o parecer nº 2.448.411 e assinatura do termo de consentimento livre esclarecido pelo participante. Para coleta de dados demográficos e epidemiológicos foi utilizado um instrumento elaborado pelas autoras; para mensurar a adesão, o Teste de Morisky-Green; e a complexidade terapêutica foi o Índice de Complexidade da Farmacoterapia (ICFT). A amostra foi constituída por 76 (89,4%) mulheres, 9 (10,6%) homens; 33 (38,8%) na faixa etária entre 60 e 70 anos, 24 (28,2%) entre 71 e 80 anos e 25 (29,4%) entre 81 e 90 anos; 60 (70,6%) da raça branca, 21 (24,7%) da raça parda/morena; 4 (4,7%) da raça preta/negra; 39 (45,9%) viúvos, 21 (24,7%) casados, 9 (10,5%) solteiros, 16 (18,8%) divorciados/separados; 84 (98,8%) possuíam uma religião e destes, 68 (80,9%) eram católicos; quanto ao nível de escolaridade 4 (4,7%) nunca estudou, 45 (52,9%) apresentaram ensino fundamental incompleto, 21 (24,7%) médio incompleto, 3 (3,5%) superior incompleto, 9 (10,6%) superior completo; quanto à presença de doenças, 57 (67,0%) informou hipertensão, 35 (41,2%) dislipidemia, 25 (29,4%) diabetes mellitus e 20 (23,5%) alterações da tireoide. Segundo o Teste de Morisk-Green, 30 (35,3%) apresentavam alta adesão e 55 (64,7%) média/baixa adesão; quanto à complexidade terapêutica, mensurada pelo ICFT, variou de 4 a 46,5 pontos entre os indivíduos que faziam uso de um a 12 medicamentos; 50 (58,8%) conseguiam a medicação pelo SUS, 18 (21,2%) em igrejas e 15 (17,6%) compram a medicação e, quando não conseguem, 54 (79,4%) compram a medicação, 6 (8,8%) adquirem por outros meios e 8 (11,8%) ficam sem tomar; quanto ao apoio de amigos/familiares para seguir tratamento, 44 (51,8%) tem apoio e 41 (48,2%) não tem apoio; quanto a percepção da saúde 10 (11,8%) consideraram ótima, 41 (48,2%) muito boa/boa, 28 (32,9%) razoável e 6 (7,0%) ruim/ muito ruim. Nesta amostra, identificou-se média/baixa adesão com média complexidade terapêutica, influenciada pelo baixo nível de escolaridade e, muitas vezes, da alta complexidade terapêutica, evidenciando a importância do monitoramento da adesão e da educação em saúde de forma individualizada priorizada pelo enfermeiro.