Aplicação do contraste hepato-específico no diagnóstico do hepatocarcinoma por ressonância magnética

Abstract

Introdução: O hepatocarcinoma é uma das alterações celulares que mais tem contribuído para a alta incidência de câncer e mortalidade no mundo. Atualmente a ressonância magnética (RM) é o exame mais indicado para diagnóstico das doenças hepáticas. A acurácia diagnóstica deste exame aumenta significativamente quando realizado após injeção endovenosa de contrastes paramagnéticos, principalmente os que possuem características hepato-específicas. Objetivo: Estudar a contribuição do contraste hepato-específico aplicado na RM para o diagnóstico do hepatocarcinoma. Materiais e Métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo para o qual foram selecionados, em um prontuário eletrônico, exames de RM de abdome de pacientes atendidos em uma clínica particular de São Paulo entre 2012 e 2015. Foram incluídos apenas os pacientes que primeiramente realizaram o exame com o contraste convencional (Dotarem®, Guerbet, Aulnay-sous Bois, França) e posteriormente com o contraste hepato-específico (Primovist®, Bayer HealthCare, Berlim, Alemanha). Foi estabelecido também que o prazo entre os exames não ultrapassasse cinco meses. Isto posto, a composição da amostra foi de 15 indivíduos (F:10; M:5), faixa etária entre 24 e 74 anos (média = 44) e o intervalo médio entre os exames foi de 2 meses. Todos os exames foram realizados em equipamentos 3,0 T com gradiente de 43 mT/m (Magnetom® Skyra e Magnetom® Vério, Siemens, Erlangen, Alemanha). A fase pós contraste foi adquirida com sequência de pulso do tipo gradiente-eco eco planar Volumetric Interpolated Breathhold Examination 3D (VIBE®, Siemens, Erlangen, Alemanha) ponderada em T1 com cerca de 20 segundos de duração a cada medida e que seguiram um protocolo específico para cada meio de contraste endovenoso. A análise dos resultados foi realizada na plataforma de trabalho LEONARDO® (DR/DAS VA30A, Siemens, Erlangen, Alemanha). Resultados e Discussão: O contraste hepato-específico foi indicado para os pacientes cujos achados radiológicos não puderam ser caracterizados morfologicamente. Pacientes com uma quantidade elevada de nódulos (Grupo A ? n=3) realizaram um segundo exame para que a caracterização pudesse distinguir as lesões com tendências malignas das benignas. Enquanto os pacientes que possuíam uma quantidade determinada de nódulos (Grupo B ? n=12) realizaram o segundo exame para confirmação diagnóstica e avaliação dos nódulos encontrados. Ainda na avaliação do Grupo B, foi contabilizado com maior precisão a quantidade nódulos encontrados após o uso do Primovist®. Em 25% houve redução na quantidade de nódulos, enquanto que em 16,6% observou-se aumento neste número. Por fim foram caracterizados os achados radiológicos encontrados em fígados preservados (nódulos com tendência benigna) e não preservados (nódulos com tendência maligna, exceto por um caso). Conclusão: A administração do contraste hepato-específico permitiu contabilizar a quantidade de nódulos que, no exame com contraste convencional, foi descrita como indeterminável. Além disso, aumentou-se a precisão da contagem naqueles que possuíam um número determinado de nódulos. Também foi possível identificar a preservação hepática e correlacionar tipo de nódulo encontrado (97% dos casos) em fígados preservados e não preservados.