Infertilidade em mulheres portadoras da síndrome do ovário policístico

Abstract

A infertilidade anovulatória é uma das principais características da Síndrome do Ovário Policístico (SOP), afetando cerca de 40% das mulheres portadoras desta síndrome. Segundo o consenso da Androgen Excess-Polycystic Ovary Syndrome Society, a SOP é caracterizada pela presença de pelo menos dois dos seguintes critérios: disfunção menstrual e/ou ovários policísticos, e hiperandrogenismo e/ou hiperandrogenemia. Além desses sinais e da infertilidade, a paciente está predisposta ao desenvolvimento de doenças cardíacas, síndrome metabólica, principalmente pelo aumento de massa corporal, e ao desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2. A infertilidade está intimamente relacionada com a esteroidogênese, alterações no eixo hipotálamo-hipófise-ovariano e hiperinsulinemia, portanto é muito importante entender as complexas cascatas e desta forma compreender quais os melhores fármacos utilizados na estimulação ovariana. Deste modo, o objetivo foi relacionar as principais causas e patogênese da síndrome do ovário policístico e sua relação com a infertilidade, propondo técnicas em reprodução humana assistida para o tratamento da infertilidade em casos de SOP. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica nas bases de dados Pubmed, Google Acadêmico, LILACS, Bireme e no portal de revistas acadêmicas SciELO com artigos datados do ano de 2004 ao ano de 2018. A etiologia da SOP continua desconhecida, porém sabe-se que fatores genéticos, metabólicos e endócrinos podem contribuir para seu desenvolvimento, afetando a esteroidogênese e foliculogênese ovariana. As alterações nesses dois processos provocam uma alta concentração do hormônio anti-mulleriano e elevada proporção de hormônio luteinizante em relação ao hormônio folículo estimulante, provocando o aparecimento de múltiplos cistos ovarianos devido a estagnação da maturação folicular e consequente anovulação e infertilidade. Existem atualmente 3 linhas de tratamento utilizadas para a infertilidade relacionada a SOP. A primeira é a utilização de citrato de clomifeno, um modulador seletivo de receptor de estrógeno ou o uso de inibidores de aromatase como o letrozol. Caso não seja eficaz, a segunda linha de tratamento seria o uso de gonadotrofinas exógenas ou a cirurgia laparoscópica ovariana. Já a terceira linha de tratamento para infertilidade abrange técnicas de reprodução humana assistida de alta complexidade como fertilização in vitro clássica e injeção intracitoplasmática de espermatozoides, que podem ser consideradas como primeira opção em casos de obstrução tubária e quando combinada com baixa qualidade seminal do parceiro, sendo a mais promissora dentro das linhas de tratamento.