Efeito placebo-nocebo: uma abordagem sobre mecanismos psicofisiológicos

Abstract

O placebo é utilizado corriqueiramente em Ensaios Clínicos Randomizados, a fim de auxiliar na aprovação de novos métodos de tratamento, e em alguns casos uma resposta positiva induzida pelo placebo é comumente observada. Este trabalho, por meio de uma revisão bibliográfica, visa esclarecer porquê essa resposta acontece, em que condições ela acontece e quais são as vias fisiológicas que ela ativa. Além disso, pretende explicar como uma resposta negativa frente a um placebo (efeito nocebo) acontece. Ademais, foi realizada uma análise histórica do placebo e sua resposta, para que seja possível entender sua origem e importância no meio científico. Foi visto que, para que estes efeitos ocorram, é necessário um pré-condicionamento do paciente (como sugestão verbal, observação social e experiências anteriores), uma relação entre o profissional da saúde e o paciente (boa ou ruim) e que o paciente possua expectativas positivas ou negativas sobre o tratamento que o está sendo dado, só assim poderá ser observada a resposta placebo ou nocebo. Existem também fatores que influenciam na intensidade dessa resposta, que são: fatores genéticos, sexo e gênero (tanto do paciente como do profissional da saúde) e personalidade, no entanto, ainda existe muita divergência de resultados sobre os dois últimos fatores, que precisam ser mais aprofundados. Estudos sobre a resposta placebo/nocebo possuem como tema mais abordado a analgesia, todavia, pesquisas crescentes estão sendo realizadas tendo como tema a Doença de Parkinson (DP) e a depressão maior. As vias neuronais envolvidas na resposta placebo são o sistema opióide, que tem seus efeitos bloqueados pela naloxona, e não-opióide, que tem seus efeitos bloqueados pelo rimonabanto, e o sistema dopaminérgico, enquanto na resposta nocebo a via que é principalmente ativada é a colecistocinina-érgica (CCK-érgica), que tem seus efeitos bloqueados pela proglumida. É importante ressaltar que, por mais que haja uma resposta significativa nestes cenários, o placebo não substitui o tratamento farmacológico ativo, até por que há uma grande parcela da população que não responde ao placebo, e a parcela que responde muitas vezes não alcança o resultado ideal comparado com a substância ativa.