Participação da subunidade D2 da proteína atpase vacuolar (ATP6V0D2) na biogênese dos vacúolos formados pela infecção de Coxiella Burnetii em macrófagos RAW 264.7

Abstract

A Coxiella burnetii (C. burnetii) é um patógeno intracelular obrigatório e agente etiológico da zoonose conhecida como febre Q. É capaz de infectar diversos tipos celulares in vitro, sendo abrigada em vacúolos intracelulares (Vacúolos contendo Coxiella, VCCs) de pH ácido, que proporcionam condições favoráveis à sua multiplicação e metabolismo. Contudo, alguns microrganismos como a C. burnetii são capazes de formar vacúolos e sobreviver no interior destas estruturas ácidas. Uma característica importante dos vacúolos maduros formados por infecções de patógenos é a intensa atividade de proteínas responsáveis pela acidificação vacuolar, as ATPases vacuolares (v-ATPases). As v-ATPases são organizadas em domínio V1, formado por oito subunidades, e V0 composto de cinco subunidades, nos quais são responsáveis pela acidificação dos vacúolos e estão presentes nos VCCs. Estudos realizados com macrófagos RAW 264.7 silenciados para a subunidade d2 das vATPases (ATP6V0d2) infectados com Leishmania amazonensis (L. amazonensis) demonstraram que estes vacúolos parasitóforos (VPs), similares morfologicamente aos VCCs, apresentaram diminuição em seu volume. Considerando que os estudos da infecção com C. burnetii envolvendo macrófagos são extremamente importantes para o entendimento da patogenicidade e propagação da bactéria, já que mimetizam a infecção natural in vivo, avaliamos a formação dos vacúolos de C. burnetii durante a infecção em macrófagos RAW 264.7 silenciados para a subunidade d2 das vATPases. Investigamos também se o crescimento vacuolar e a multiplicação da bactéria são dependentes de ATP6V0d2, assim como observado na infecção por L. amazonensis. Por fim, avaliamos a produção de óxido nítrico e expressão de óxido nítrico sintase 2 e arginase. Como resultado principal, verificamos que a ATP6V0d2 não possui participação ativa na biogênese dos VCCs formados durante a infecção por C. burnetii, diferente do ocorrido na infecção com outros patógenos como a L. amazonensis.