Aspectos dos estrogênios como desreguladores endócrinos e possíveis alternativas de descontaminação da água

Abstract

O mundo atual vive uma situação crítica quanto a disponibilidade de recursos naturais, e o mais essencial de todos esses recursos é a água. Diante dessa situação, substâncias encontradas em baixas quantidades no meio aquático, tem despertado cada vez mais interesse, pois podem ser potencialmente prejudiciais aos seres vivos e ao meio ambiente. Estas substâncias podem atuar como desreguladores endócrinos. Diante da problemática de poluição dos compartimentos aquáticos que servem de fonte de captação de água para o abastecimento público e a crescente preocupação relacionada a essas substâncias que podem produzir efeitos adversos aos organismos expostos em concentrações realmente muito baixas, existem vários estudos que evidenciam a ineficiência dos métodos tradicionais de remoção de compostos orgânicos de efluentes domésticos. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi apresentar os estrogênios como desreguladores endócrinos e destacar os principais meios de descontaminação da água. Desta forma, foi realizada uma revisão da literatura a partir de um levantamento bibliográfico nas bases de dados eletrônicas usando os descritores em português Estrogênios, Desreguladores Endócrinos e Poluição da água. A pesquisa também foi realizada no idioma inglês e o período abordado refere-se à literatura publicada entre 1990 e 2014. Pode-se definir desreguladores endócrinos como substâncias químicas sintéticas ou naturais, que possuem a capacidade de agir sobre o sistema endócrino de seres humanos e animais causando alterações. Os estrogênios, hormônios sexuais, vêm recebendo maior atenção por serem compostos extremamente ativos biologicamente, sendo os estrogênios naturais 17ß-estradiol, estriol, estrona e o sintético 17a-etinilestradiol, desenvolvido para uso médico em terapias de reposição e métodos contraceptivos, que desperta maior preocupação, tanto pela potência como pela quantidade contínua introduzida no ambiente. Estas substâncias têm a capacidade de produzir efeitos de feminização (substâncias estrogênicas) ou masculinização (substâncias androgênicas) sobre o sistema endócrino. Estudos relatam como um dos principais efeitos nos seres vivos decorrentes desta exposição como a indução de vitelogenina em peixes, hermafroditismo, além de doenças ligadas ao sistema reprodutor nos seres humanos e o surgimento de cânceres. No entanto, é possível identificar essas substâncias na natureza, principalmente por técnicas cromatográficas e ensaios biológicos e em vários países já existem órgãos governamentais que fiscalizam, classificam e controlam estas substâncias químicas. Neste estudo se identificou que os processos oxidativos avançados são as técnicas mais promissoras para o tratamento ambiental devido à alta efetividade frente os estrogênios presentes em efluentes de estações de tratamento de esgoto, no entanto, a grande dificuldade em se identificar esses compostos na natureza, não gera subsídios para medidas mais efetivas, como alterações no manejo destes contaminantes determinado em leis, implantação de métodos utilizados para sua identificação e remoção, e condução de estudos clínicos que possam identificar e elucidar os efeitos tóxicos dos estrogênios como desreguladores endócrinos. Também pode-se concluir que a remoção dos estrogênios não implica necessariamente na inativação da atividade estrogênica ou a diminuição da ação como desregulador endócrino, pois a maioria dos processos levam à formação de subprodutos, bem como não atingem 100% de remoção levando a um nível residual nos meios aquáticos.