Vacina de DNA e gene drive: estratégias biotecnológicas no combate à malária

Abstract

A malária é um grande problema de saúde pública, afetando cerca de 228 milhões de pessoas no mundo e ocasionando aproximadamente 405 mil mortes, sendo 272 mil mortes de crianças menores de 5 anos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), no ano de 2018. Diante do surgimento de novas cepas cada vez mais resistentes às terapias medicamentosas e insetos resistentes aos inseticidas, grupos de pesquisadores têm estudado estratégias biotecnológicas para o combate à malária, como por exemplo, as vacinas de DNA e o gene drive. Esta revisão tem como objetivo descrever o cenário atual dessas duas medidas profiláticas, destacando os seus avanços e limitações encontradas nos estudos. Com o sucesso da vacina de DNA em pequenos animais, os estudos recentes vêm tentando reproduzir esse mesmo desempenho em seres humanos, no entanto, ainda encontram-se dificuldades no desenvolvimento de uma resposta suficientemente imunogênica, por conta disso, regimes heterólogos de vacinação têm sido estudados, utilizando reforços com vetores virais, ou mesmo adjuvantes moleculares e a otimização dos códons. No caso do gene drive, com a descoberta do mecanismo CRISPR-Cas9, houve uma revolução na edição gênica, devido à facilidade de sua construção e por proporcionar a conversão de cromossomos heterozigotos em homozigotos, excedendo o padrão de herança mendeliana em poucos cruzamentos do vetor da malária, o inseto Anopheles sp. Porém, essa tecnologia levanta conflitos éticos que demandam cuidados extras para que as decisões tomadas não venham impactar negativamente o ecossistema. Apesar desses avanços, ainda há um caminho a ser trilhado pelos pesquisadores em solucionar as limitações encontradas até que as populações afetadas possam, de fato, serem beneficiadas por alguma dessas tecnologias.