Fragmentação do DNA espermático como uma das causas de aborto de repetição

Abstract

Os números de casais que buscam tratamento em clínicas de reprodução assistida têm aumentado a cada ano. Os fatores de infertilidade são diversos e têm como causa alterações em parâmetros femininos, masculinos e ambos. O abortamento de repetição apresenta-se como um quadro patológico em que o casal sofre com a perda de duas ou mais gestações. Hoje em dia, existem estudos que apontam uma relação entre o abortamento de repetição e a fragmentação do DNA espermático, que pode ter diversas causas, entre elas: apoptose abortiva, estresse oxidativo e alterações durante o processo de maturação da estrutura da cromatina espermática. Sabe-se que as causas citadas acima fazem com que alguma parte importante do DNA, que contém genes a serem expressos, seja perdida. E durante o ciclo celular, o material genético não é lido de forma correta devido a sua estrutura alterada, ocasionando consequências no desenvolvimento embrionário, inclusive levando ao aborto. Para o diagnóstico de quadros de abortamento de repetição relacionado ao fator masculino, é necessário avaliar se existe esse dano no DNA espermático. Essa avaliação não se dá por parâmetros convencionais do sêmen, como a análise morfológica, de concentração e motilidade. É necessário avaliar o DNA, para isso, existem testes como TUNEL, ensaio cometa, SCSA e SCD. Com o índice de fragmentação de DNA espermático (DFI) acima de 30%, o paciente é diagnosticado com o nível elevado de espermatozoides fragmentados. Com isso, existem formas de tentar diminuir a fragmentação, com o por exemplo a mudança no estilo de vida (alimentação, eliminação do tabagismo, exercícios físicos, suplementos vitamínicos e antioxidantes). Uma das grandes consequências do abortamento de repetição são os danos psicológicos que o casal apresenta. Muitos deles vivenciam luto intenso, depressão e ansiedade. É necessário que se tenha um acompanhamento com uma equipe multidisciplinar para que todos os âmbitos da vida do casal sejam contemplados, evitando maiores desgastes. Dependendo da idade materna, da quantidade de perdas gestacionais anteriores e de correções, dentro do possível, de alterações que poderiam levar ao aborto, entre 50% e 70% dos casais terão sucesso em levar a gestação a termo e ter o recém-nascido saudável em casa.