Perfil nutricional de estudantes de universidades particulares no estado de São Paulo

Abstract

A obesidade é uma doença que cresce exponencialmente por todo o mundo e a projeção é que em 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso, e mais de 700 milhões obesos. No Brasil, as modificações sociais, econômicas e tecnológicas que ocorreram através das décadas, culminaram em alterações nos hábitos e comportamento alimentar da população, que cada vez mais consome alimentos com alto valor energético e pobre em micronutrientes, em decorrência de uma rotina atribulada devido ao trabalho, estudo, tarefas domésticas, etc. A repetição e o desbalanço desse padrão alimentar estão associados com desordens metabólicas como obesidade, doenças cardiovasculares, hipertensão arterial sistêmica, diabetes e câncer, que são as principais causas de óbitos no Brasil. Essas doenças estão surgindo em populações cada vez mais jovens, refletindo em redução da qualidade de vida destes. O objetivo deste estudo é descrever o perfil nutricional de estudantes de universidades particulares do Estado de São Paulo. Foi aplicado um questionário eletrônico quali-quantitativo sobre características do padrão de vida e frequência alimentar entre universitários de dezoito e vinte e cinco anos de idade, matriculados em universidades particulares do Estado de São Paulo. A participação nesta pesquisa foi voluntária, os estudantes manifestaram interesse pelo estudo através do aceito do termo de consentimento livre esclarecido online. Para análise estatística foi utilizado o programa SPSS® (P<0,05). O presente estudo apresenta aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (CAAE:02236918.4.0000.0062). A amostra foi composta por 171 participantes, 39 homens (22,8%) e 132 mulheres (77,2%), e 122 (71,3%) moravam com os pais e 49 (28,7%) não. Mais de 80% da amostra total estavam matriculados em curso na área da saúde. A maioria possuía renda > 10 SM (32,8%). Aproximadamente, 65% foram classificados como eutrófico e 26,5% com excesso de peso, e 59,1% creem que se alimentam de forma saudável, 74,3% realizavam o café da manhã, 61,4% tinham o costume de realizar o almoço/jantar fora de casa, e apenas 2,9% tinham diagnóstico de doença(s) crônica(s). Como esperado, foram encontradas diferenças significativas ao investigar renda familiar (p<;0,001), se o participante estuda e trabalha (p<;0,001), e quem prepara as refeições (p<;0,001) entre os estudantes que moram com os pais e aqueles que saíram da casa dos pais. Os dados de consumo de queijo amarelo (p=0,006), biscoito doce (p=0,012) e bebida fermentada (p=0,032) apresentaram diferença entre os grupos referentes à moradia. Refrigerante diet/light (p=0,014) e cerveja (p=0,07) foram diferentes em relação ao sexo. Podemos concluir que, apesar da maioria da amostra estar eutrófica, fazem-se necessárias medidas preventivas, pois a tendência é a evolução do acúmulo de peso, considerando a baixa frequência de alimentos in natura, o que pode trazer complicações à saúde em populações cada vez mais jovens.