Alteração da composição do leite materno frente a prática de exercício físico

Abstract

O leite materno é um biofluido complexo e variável capaz de nutrir e proteger o lactente contra doenças, sendo que sua composição atende a todas as necessidades nutricionais do bebê. Os benefícios provenientes do aleitamento materno são observados a curto e longo prazo e são amplamente evidenciados pela comunidade científica. Recomenda-se o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade e complementado até os dois anos ou mais. Alguns fatores podem afetar a produção e a composição do leite materno. Sugere-se que a prática de exercício físico pode modificar a sua composição e impactar no crescimento e desenvolvimento do neonato. O objetivo deste trabalho foi identificar se a prática do exercício físico promove alterações na composição do leite materno. Trata-se de um estudo de revisão integrativa, cuja busca aconteceu entre junho e julho de 2019. Foram selecionados artigos publicados em português e inglês nas bases de dados MEDLINE e LILACS, utilizando-se os descritores "Exercise", "Sports", Athletes?, "Breast Feeding", ?Lactation? e "Milk, Human". As palavras chaves foram combinadas utilizando-se a técnica booleana AND e OR. Os critérios de inclusão determinados foram artigos originais, publicados nos idiomas português e inglês e sem delimitação do ano de publicação. Foram encontrados 321 artigos na busca, 56 foram selecionados pelo título, e destes, 20 foram selecionados pela leitura do resumo, entretanto, após leitura na íntegra, apenas 15 foram elegíveis de acordo com os critérios de inclusão estabelecidos, sendo que quatro analisaram o volume e densidade energética do leite materno, dois a composição de micronutrientes, dois de macronutrientes, seis as modificações nas concentrações de ácido lático (AL) e três analisaram os fatores imunológicos. Dos estudos analisados, verificou-se que as lactantes apresentaram faixa etária, estado de saúde e tempo de pós-parto semelhante em todos os artigos. Quatorze dos estudos realizaram protocolos controlados de intervenção em esteiras, com intensidades e tempo de intervenção variáveis, enquanto apenas um realizou a análise por meio de auto-relato das lactantes. Os estudos não demonstraram alterações no leite materno quanto ao volume, densidade energética, composição de macro ou micronutrientes e fatores imunológicos após a prática de exercício físico, mas, todos os trabalhos demonstraram aumento na concentração de AL quando as lactantes foram submetidas ao exercício físico com capacidade máxima do consumo de oxigênio (VO2 máx). Esta alteração, no entanto, não contraindica a prática de exercício físico e a continuidade do aleitamento materno. Conclui-se, portanto, que o exercício físico promoveu alteração na composição do leite materno somente quanto a concentração de AL, mas não em relação ao volume produzido, teor de nutrientes e fatores imunológicos. No entanto, são necessárias novas investigações com maior número de participantes e tempo de duração da intervenção a fim de se ter resultados conclusivos.