Ecologia integral e bioética global: contribuições da Encíclica Laudato Si'

Abstract

O médico oncologista Van Rensselaer Potter, por meio de duas obras publicadas na década de 70 do século XX, é o precursor de todo um grande movimento de caráter acadêmico e humanista, trazendo ao mundo o neologismo “bioethics”. A Bioética como ciência da vida, uma ponte entre o conhecimento da tecnologia, ciências biológicas, medicina e meio ambiente vem também a se tornar uma ciência da sobrevivência. Os anos se passam, e a Bioética alcança universidades, centros de pesquisa, o mundo clínico da medicina e dos avanços mais significativos para a sustentação da vida, e fortalece, sem dúvida, o questionamento ético de todos os elementos envolvidos. Desse modo, anos depois, Potter elabora o conceito de “Bioética global”, visto que o desenvolvimento epistêmico deste foi-se deixando identificar apenas como deontologia médica ou principialismo ético, recolhendo-se a contribuições do ambiente médico. A proposta original, recorda Potter, é que a bioética tem um caráter global, em que a responsabilidade pelo meio ambiente, a salvação da espécie humana, a sobrevivência ante os desafios sociais e econômicos sejam também problematizadas como ética que questiona o fenômeno vida como um todo. Passados cerca de 40 anos, o Papa Francisco elabora o conceito de “ecologia integral”. Este visa também a levar todas as pessoas de boa vontade a se perguntarem sobre o papel do ser humano diante dos problemas ambientais, climáticos, humanos e sociais de todo o planeta. O objetivo é confrontar as temáticas de ambos os autores e provocar um diálogo hermenêutico buscando os matizes em consonância e contradições, ou elaborações avançadas em que o conceito de Bioética global é ajudado pelo de Ecologia integral. Nota-se que a riqueza trazida pelo Papa Francisco, com toda a sabedoria e caminhada da Igreja Católica e da ética teológica, proporciona uma contribuição significativa para a intuição original de Potter como Bioética global.

The oncologist Dr. Van Rensselaer Potter was the pioneer and precursor of a great movement of academic and humanist character through two of his works in the 1970s, bringing to the world the neologism “bioethics”. Bioethics as a life science, a bridge between knowledge of technology, biological sciences, medicine and environment is also becoming a science of survival. The years go by and bioethics reaches universities, research centers, the clinical world of medicine and the most significant advances for the sustenance of life and undoubtedly strengthens the ethical questioning of all the elements involved. In this way, years later Potter elaborates the concept of “global bioethics”, since the epistemic development of the same has been letting itself identify only as medical deontology or ethical principialism collecting itself to contributions of the medical environment. The original proposal reminds us Potter is that bioethics has a global character, where responsibility for the environment, the salvation of the human species, survival before social and economic challenges is also problematized as an ethic that questions the phenomenon of life as a whole. After nearly 40 years, Pope Francis elaborates the concept of “integral ecology”. This also aims to lead all people of good will to be asked about the role of the human being in the face of environmental, climatic, human and social problems of the entire planet. The objective is to confront the themes of both authors and to provoke a hermeneutic dialogue seeking the shades in consonance and contradictions or advanced elaborations in which the concept of global bioethics is aided by the one of integral ecology. It is noted that the wealth brought by Pope Francis with all the wisdom and walk of the Catholic Church and theological ethics make a significant contribution to Potter’s original intuition as a global bioethics.