Conflitos que afetam a saúde de professores universitários: contribuições da bioética para consciência crítica destes profissionais

Abstract

Trata-se de uma pesquisa descritiva-interpretativa, com abordagem qualitativa. Teve como objetivo investigar junto a professores universitários a possível relação entre conflitos e adoecimento, tendo em vista propor alternativas à luz da Bioética para a superação das situações que comprometem o bem estar profissional, a valorização e o seu desempenho satisfatório como educador. O estudo ocorreu com professores universitários de uma instituição pública de ensino superior de Mato Grosso, no período de janeiro a abril de 2017. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas com auxílio de um roteiro semiestruturado, elaborado e pré testado pelo próprio pesquisador. A amostragem do estudo foi do tipo não probabilística por conveniência e o tamanho amostral, definido por meio do método de saturação dos dados. Para análise dos dados, utilizou-se a Análise de Conteúdo em conjunto com a Análise Bioética à luz da concepção latino-americana. O presente estudo revelou que muitos professores dessa universidade sentem-se injustiçados perante outros colegas em situação de conflito, ou por se conflitarem sem que haja qualquer interesse de mediação ou gerenciamento efetivo por parte da coordenação/chefia do curso. A provável negligência da coordenação/chefia apontada pelos participantes do estudo frente às relações de trabalho, em especial na ocorrência de conflitos, potencializa sentimento de despertencimento, frustração e desmotivação. A intervenção nesse contexto não remete exclusivamente a prevenir ou extinguir os conflitos, mas em compreender como estes ocorrem e os modos de tratá-los em prol da coletividade, evitando privações no crescimento e desenvolvimento das pessoas e, consequentemente, o adoecimento. Quando essa estratégia é ligada à modificação dos comportamentos e no respeito de si e do outro, frequentemente o saldo é positivo, especialmente quanto à saúde do trabalhador. Assim, os saberes da bioética, voltados à consolidação do princípio da justiça, na integração e interação da diversidade dos grupos como recurso emancipatório para garantia de direitos e possibilidade de livre participação social no espaço de trabalho, apresentam-se como um tipo de método de prevenção ao adoecimento. Logo, o reconhecimento do que é vulnerável e a geração de proposições para maior segurança e cooperação do profissional no seu espaço de trabalho, não somente direcionadas ao indivíduo em particular e sim para o coletivo, parte de uma consciência crítica oportunizada pela bioética.

This is a descriptive-interpretative research with a qualitative approach. Its objective was to investigate, with university professors, the possible relation between conflicts and illness, aiming to propose alternatives in the light of Bioethics to overcome situations that compromise professional well-being, valuation and satisfactory performance as an educator. The study was carried out with university professors of a public higher education institution of Mato Grosso, from January to April of 2017. Data collection took place through interviews with the aid of a semi-structured script, elaborated and pretested by the researcher himself. The study sample was of the non-probabilistic type by convenience and the sample size was defined by means of the data saturation method. Data analysis used Content Analysis in conjunction with Bioethics Analysis in light of the Latin American conception. The present study has shown that many professors at this university feel disrespected by other colleagues in a conflict situation, or that they conflict without any interest in mediation or effective management by the coordinator/head of the course. The probable negligence of the coordination/leadership pointed out by the study participants in relation to work relations, especially in the occurrence of conflicts, increases the feeling ofnon-belonging, frustration and demotivation. The intervention in this context does not only refer to preventing or extinguishing conflicts, but to understanding how they occur and ways of treating them for the benefit of the community, avoiding deprivations in the growth and development of people and consequently illness. When this strategy is linked to behavior modification and respect for oneself and the other, the balance is often positive, especially regarding workers’ health. Thus, the knowledge of bioethics, aimed at consolidating the principle of justice, integration and interaction of the diversity of groups as an emancipatory resource to guarantee rights and the possibility of free social participation in the work space, presents itself as a type of prevention. Therefore, recognizing vulnerabilities and generating propositions for greater security and cooperation of the professional at his/her work space, not only addressed to the individual in particular, but to the collective, is part of a critical conscience offered by bioethics.