Perfil e capacidade funcional de pessoas idosas com doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) em situação de vulnerabilidade social

Abstract

A capacidade funcional aparece como um componente útil no contexto do envelhecimento, porque envelhecer mantendo todas as funções, não deve significar problema para o indivíduo ou sociedade. Portanto, o comprometimento da capacidade funcional da pessoa idosa, tem implicações para a família, comunidade, sistema de saúde e a própria pessoa, uma vez que a incapacidade ocasiona maior vulnerabilidade e dependência, contribuindo para a diminuição do bem-estar e qualidade de vida da pessoa idosa. Descrever o perfil sociodemográfico e clínico de pessoas idosas com DCNT´s; Avaliar a capacidade funcional das pessoas idosas atendidas em um Centro Social do município de São Paulo. Estudo descritivo, quantitativo e transversal, composto por pessoas idosas atendidas no Centro Social Nossa Senhora do Rosário. Foram incluídos participantes com idade igual ou superior a 60 ano, que assinaram o TCLE. Foram excluídas pessoas idosas com problemas cognitivos avançados e/ou psiquiátricos diagnosticados. Variáveis dependentes: doenças crônicas pulmonares, cardíacas; endócrinas; A capacidade funcional foi avaliada pelo Indice de Katz (ABVD´s) e Escala Lawton & Brody (AIVD´s). Variáveis independentes: características demográficas, arranjo familiar, escolaridade e dados antropométricos. Os dados foram analisados e apresentados com estatística descritiva. O projeto foi aprovado pelo CEP do Centro Universitário São Camilo (CAAE 72834923.0.0000.0062). A amostra contou com 36 participantes, predomínio de mulheres 77,78%, idade média de 76,8 anos; sendo 38,89% viúvas; 27,78%, se autodeclaram brancas, 63,89%; escolaridade entre cinco ou mais anos de estudo 69,44% e 72,22% moram com familiares. A média de IMC para mulheres foi (24,95kg/m²) e homens (25,06kg/m²); circunferência média da cintura das mulheres foi 89,27cm (VR> 80cm) e homens 89,87cm (VR>90cm). Exames laboratoriais: glicemia de jejum > 126mg/dL em 27,78%; hemoglobina glicada > 6,5% em 25%, compatíveis com perfil glicêmico para diabetes mellitus; LDL (> 130mg/dL) em 33,33%, indicando predisposição para doenças cardiovasculares. Predominou doenças cardiovasculares em 94,44%, manifestadas por hipertensão arterial 55,56%, dislipidemia 30,56%, IC 5,56% e DAOP em 2,78%; dentre as comorbidades endócrinas, a diabetes mellitus foi relatada em 38,88%; artrose em 16,67%, artrite reumatoide em 11,11%; as doenças respiratórias foram relatadas em 8,34% como bronquite/asma e 5,56% enfisema pulmonar. Quanto ao tratamento farmacológico, 41,67% usam mais de cinco medicações simultaneamente. A capacidade funcional avaliada pelo Índice de Katz, mostrou que a maioria dos é independente para as ABVD´s, 2,78% dependência moderada e 2,78% considerado totalmente dependente. A Escala de Lawton e Brody classificou a maioria como independentes para as AIVD´s, 19,44% como dependência leve e 11,12% dependência moderada a grave. Dados do IBGE mostram atualmente aumento da parcela de pessoas idosas na população. As doenças cardiovasculares são consideradas como fator de impacto no custo de internações hospitalares no país. As doenças cardiovasculares prevaleceram na maioria das pessoas idosas, seguida de dislipidemia, diabetes mellitus, artrose e doenças respiratórias. Na avaliação da capacidade funcional, foi observado independência maioria das pessoas idosas para as ABVD´s e AIVD´s. A capacidade funcional declina com a idade, sendo necessário planejar ações de promoção à saúde, bem-estar e controle de DCNT´s.