Comportamento alimentar em jovens adultos

Abstract

No campo da Alimentação e Nutrição, os termos "comportamentos" e "hábitos alimentares" são frequentemente utilizados, enfatizando a noção de que os comportamentos são eventos que podem ser controlados e cuja repetição pode levar à formação de hábitos. A ansiedade exerce uma influência considerável sobre o comportamento alimentar, uma vez que em períodos de elevados sintomas de ansiedade, indivíduos podem buscar alimentos como uma forma de conforto temporário ou alívio do estresse. Esse fenômeno, conhecido como comer emocional, é desencadeado por emoções negativas. Além disso, a ansiedade pode levar à diminuição do apetite ou a padrões de restrição alimentar, à medida que as preocupações se refletem no relacionamento das pessoas com a comida. Ademais sabe-se que algumas características do estilo de vida, como carga de trabalho, prática de exercício físico e uso de redes sociais, assim como o estado nutricional, podem influenciar diversos aspectos do comportamento alimentar. Assim, o objetivo deste trabalho foi investigar o perfil de comportamento alimentar de jovens adultos e os fatores associados. Foi realizado um estudo transversal, constituído por jovens adultos brasileiros, na faixa etária de 18 a 24 anos de idade, de ambos os sexos. A coleta de dados ocorreu pela internet via Forms®. Aplicou-se o Questionário Holandês do comportamento alimentar (QHCA) e o Inventario de ansiedade traço-estado (IDATE) para identificação dos sintomas de ansiedade estado e traço. Também foi aplicado um questionário autoral para coleta do perfil dos participantes, incluindo medidas antropométricas (peso e altura), tempo médio diário gasto com telas, redes sociais acessadas com maior frequência, prática de atividade física e carga horária de trabalho e estudos. A análise estatística foi conduzida no software JAMOVI, considerando-se nível de significância de p<0.05. Nos resultados do estudo foi revelado que as mulheres apresentaram pontuações significativamente mais altas nos três domínios do comportamento alimentar avaliados (escala de ingestão emocional, escala de restrição e escala de ingestão externa) e no escore de ansiedade traço. Indivíduos com excesso de peso apresentaram escores mais altos no domínio restrição alimentar do comportamento alimentar. Quando analisados de acordo com o nível de ansiedade, aqueles que apresentaram sintomas elevados de ansiedade traço mostraram maiores escores para ingestão emocional, escala de restrição e ingestão externa. O fato de possuir vínculo empregatício associou-se a menor escala de restrição e ingestão emocional. As análises de correlações revelaram relação positiva entre o escore de ansiedade traço e os três domínios do comportamento alimentar (escala de ingestão emocional, escala de restrição e escala de ingestão externa). O índice de massa corporal correlacionou-se positivamente com a escala de restrição e escala de ingestão emocional. Os sintomas de ansiedade traço correlacionaram-se positivamente com número de redes sociais e negativamente com carga horária de trabalho. Portanto, os resultados deste estudo destacam a complexa interação entre comportamento alimentar, ansiedade e estilo de vida, ressaltando a importância de abordagens multidisciplinares na compreensão e intervenção em padrões alimentares e de saúde mental entre jovens adultos.