Cuidado nutricional de crianças com transtorno do espectro autista: uma perspectiva pelo olhar dos pais e responsáveis

Abstract

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é descrito atualmente como um transtorno do eurodesenvolvimento com déficit persistente na capacidade de comunicação, interação e reciprocidade social, comportamentos não verbais de comunicação além da presença de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesse ou atividades. O desenvolvimento de TEA é heterogêneo, de causa multifatorial com prevalência no sexo masculino. Em sua grande maioria, indivíduos com TEA apresentam questões alimentares dificultadas, porém estas características podem ser variáveis. A literatura aponta que as mais comuns são a seletividade alimentar e as alterações gastrointestinais, oferecendo risco para agravos nutricionais, demanda conflitante principalmente para os cuidadores de crianças com TEA. Diagnóstico e intervenções precoces, assim como aconselhamento para os responsáveis têm se mostrado como estratégias com efeitos positivos. Uma avaliação mais completa sobre comportamento alimentar no TEA deve incluir a visão profissional e dos responsáveis. Portanto, o objetivo do estudo foi conhecer a percepção dos pais e responsáveis de crianças com TEA em relação aos aspectos alimentares e nutricionais. Foi realizado estudo quali-quantitativo com responsáveis de 20 crianças com TEA, de 2 a 6 anos, de uma associação chamada Projeto Dino em São Paulo, por meio de entrevista online com perguntas semiestruturadas, utilizando Google Meet® e WhatsApp®, com gravação de áudio. Os áudios foram transcritos com auxílio da função “Ditar” do Word® e editados em revisão posterior. Os dados quantitativos foram analisados e apresentados em valores absolutos e relativos (%) e os resultados das perguntas abertas analisados com base na metodologia do Discurso do Sujeito Coletivo. Houve predominância de mães participantes e de crianças do sexo masculino. Na percepção geral das participantes, foram relatados prejuízos alimentares, momentos de refeição conturbados, preocupação de risco nutricional e doenças no futuro além de dificuldades financeiras que impactam a alimentação das crianças com TEA. Fica evidente a necessidade e importância de atendimento nutricional qualificado para atuar com famílias de pessoas com TEA, para orientações sobre como lidar diante de fatores negativos, amenizar os comportamentos inadequados nas refeições e minimizar doenças futuras.