Avaliação do perfil clínico e nutricional de adolescentes com dismenorreia primária

Abstract

A dor pélvica em adolescentes, especialmente durante o período menstrual, é frequentemente subestimada como problema de saúde e impacta significativamente a qualidade de vida. O objetivo deste estudo foi avaliar o perfil clínico e nutricional de adolescentes com dismenorreia. Avaliou-se a dor pélvica utilizando um questionário de escala de dor e o consumo alimentar por meio de recordatório alimentar de 24 horas e Questionário de Frequência Alimentar (QFA). Todas as participantes tinham estatura adequada para a idade, sendo que 72,5% estavam eutróficas. Trinta e cinco pacientes (87,5%) apresentaram dor de moderada a intensa, enquanto cinco (12,5%) tinham dor leve ou inexistente. A prática de atividade física mostrou-se menos comum entre o grupo com dor moderada a intensa (34,3%). Não houve diferença significativa na duração dos ciclos menstruais entre os grupos. Observou-se menor ingestão de cálcio no grupo com dor menstrual de maior intensidade. Ademais, notou-se menor consumo de alimentos "in natura" e "processados" no grupo com dor moderada a intensa durante as refeições de almoço e jantar, respectivamente. Identificou-se uma correlação negativa entre o consumo de cálcio e folato e a duração da dor em dias. A amostra estudada sugere que uma dieta balanceada, rica em cálcio, folato e alimentos naturais, pode ser importante no manejo da dismenorreia. Contudo, são necessárias mais pesquisas para compreender plenamente essa relação e desenvolver intervenções efetivas para o tratamento dessa condição comum entre adolescentes.

Pelvic pain in adolescents, especially during the menstrual period, is often underestimated as a health issue and significantly impacts quality of life. The aim of this study was to evaluate the clinical and nutritional profile of adolescents with dysmenorrhea. Pelvic pain was assessed using a pain scale questionnaire, and dietary intake was evaluated through a 24-hour dietary recall and a Food Frequency Questionnaire (FFQ). All participants had adequate height for their age, with 72.5% being eutrophic. Thirty-five patients (87.5%) reported moderate to severe pain, while five (12.5%) had mild or no pain. Physical activity was less common among the group with moderate to severe pain (34.3%). There was no significant difference in menstrual cycle duration between the groups. Lower calcium intake was observed in the group with higher intensity menstrual pain. Additionally, lower consumption of "natural" and "processed" foods was noted in the group with moderate to severe pain during lunch and dinner, respectively. A negative correlation was identified between calcium and folate intake and the duration of pain in days. The studied sample suggests that a balanced diet rich in calcium, folate, and natural foods may be important in managing dysmenorrhea. However, further research is needed to fully understand this relationship and develop effective interventions for treating this common condition among adolescents..