Percepções e práticas parentais associadas ao consumo alimentar e estado nutricional em pré-escolares

Abstract

A fase pré-escolar, período que corresponde à idade de dois a seis anos, é de grande importância para o crescimento e desenvolvimento da criança. As percepções e práticas parentais recebem destaque devido à influência que exercem no estado nutricional nesta fase e no consumo alimentar. A identificação destas relações é imprescindível para as intervenções de mudança no comportamento e estilo de vida da família perante a alimentação infantil. Esta pesquisa teve como objetivo associar as práticas parentais com o consumo alimentar e estado nutricional de pré-escolares. Trata-se de um estudo transversal realizado em cinco escolas privadas na Grande São Paulo, SP. Após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa e autorização das escolas coparticipantes aplicou-se um questionário online com os pais de pré-escolares de ambos os sexos com o consentimento dos mesmos. As variáveis estudadas foram: práticas e percepções parentais, consumo alimentar do pré-escolar, estado nutricional da criança e dados sociodemográficos, de alimentação e rotina da família. As informações foram coletadas por meio dos respectivos instrumentos: Questionário de Alimentação da Criança (QAC), Questionário de Frequência Alimentar da Criança (QFAC) e questionário que incluiu dados sociodemográficos, da alimentação e rotina da família elaborado pela pesquisadora. Realizou-se análise estatística utilizando o software STATA 13.0, as variáveis categóricas foram analisadas por medidas de frequência absoluta e relativa e para as associações de interesse foi utilizado o Teste Qui-Quadrado, considerando significativo quando valor de p = 0,05. Para as análises descritivas das variáveis quantitativas foram utilizadas medidas de tendência central como média e valores mínimos e máximos, e de dispersão o desvio padrão. Participaram do estudo pais de 68 crianças, com idade entre 2 a 6 anos, média de idade de 3,47 ± 1,41 anos, das quais 54,41% eram do sexo masculino, 60,29% eutróficas e 64,71% utilizavam dispositivos eletrônicos durante as refeições. Em relação aos dados dos pais participantes, 89,71% dos respondentes do questionário eram mães e 72,06% dos pais trabalhavam fora de casa, portanto, a maioria dos pré-escolares realizavam a maior parte das refeições no ambiente escolar (p=0,05). Quanto às práticas parentais verificou-se associação entre as seguintes variáveis: percepção dos pais sobre o peso do pré-escolar e estado nutricional (p=0,013); a frequência da responsabilidade dos pais em decidir o tipo correto de comida se associou tanto com o estado nutricional (p=0,025), como com a escolaridade dos pais (p=0,036). O controle da ingestão de doces e idade dos pais também apresentou significância (p=0,023). Já o consumo de lanches entre os pré-escolares obteve significância (p=0,05) com a escolaridade dos pais. Embora algumas práticas parentais estejam relacionadas positivamente ao estado nutricional e às variáveis sociodemográficas é importante que as intervenções nutricionais sejam efetivas para promoção da saúde e hábitos alimentares saudáveis entre pré-escolares.

The preschool phase, period that corresponds to the age of two to six years old, is of great importance for children’s growth and development. Parental perceptions and practices are highlighted due to the influence they have on children’s weight status at this stage and on food consumption. The identification of these relationships is essential for determining interventions to change the family's behavior and lifestyle regarding infant feeding. This research aimed to associate parental practices with food consumption and weight status of preschoolers. This is a cross-sectional study carried out in five private schools in São Paulo, SP. After approval by Research Ethics Committee and authorization from participating schools, an online questionnaire was applied with parents or guardians of preschoolers for the both sexes after the consent. The studied variables were: parental practices and perceptions, preschoolers’ food consumption, child’s nutritional and sociodemographic status, food and family routine data. The information was collected through the respective instruments: Child Feeding Questionnaire (CFQ), Child Food Frequency Questionnaire (FFQ) and questionnaire that included sociodemographic, food and family routine data developed by the principal investigator of this study. Statistical analysis was performed using the software STATA 13.0, the categorical variables were analyzed by measures of absolute and relative frequency The associations of interest were calculated with the Chi-Square Test, considering it significant when p = 0,05. For the descriptive analyses of the quantitative variables, measures of central tendency were used as average and minimum and maximum values, and dispersion was the standard deviation. The study included parents of 68 children, aged 2 to 6 years, with an average age of 3,47 ± 1,41 years, of whom 54,41% were male, 60,29% eutrophic and 64,71% used electronic devices during meals. In relation to the data of the participating parents, 89,71% of the questionnaire respondents were mothers and 72,06% of the parents worked outside the home, therefore, most preschoolers ate most meals in the school (p = 0,05). As for parental practices, an association was found between the following variables: parents' perception of the preschooler's weight with weight status (p = 0,013); the frequency of parental responsibility in deciding the correct type of food was associated with both weight status (p = 0,025) and parent’s schooling (p = 0,036). The control of sweets intake and parents' age also showed significance (p = 0,023). The consumption of snacks among preschoolers, on the other hand, obtained significance (p =0,05) with parents' schooling. Although some parental practices are positively related to weight status and sociodemographic variables, it is important that nutritional interventions are effective for promoting health and healthy eating habits among preschoolers.