A influência dos aspectos nutricionais na colonização da microbiota intestinal do recém-nascido prematuro e seu impacto na obesidade infantil

Abstract

A composição e a concentração da microbiota intestinal variam fisiologicamente ao longo do trato gastrointestinal e estágios de vida, tendo início desde a fase intrauterina, sendo influenciada por fatores externos e internos, tais como a microbiota materna, via de parto, aleitamento (se materno ou artificial) e introdução alimentar. Este estudo tem como objetivo analisar a influência dos aspectos nutricionais na colonização da microbiota intestinal do recém-nascido prematuro e seu impacto na obesidade infantil. Para isso, foi realizada uma revisão bibliográfica, abrangendo artigos publicados entre os anos de 1997 e 2022. A literatura científica sugere que a microbiota intestinal desempenha um papel crucial no desenvolvimento do sistema imunológico e na prevenção de doenças ao longo da vida, desde o período neonatal e infância, até idade adulta. Diversos fatores não fisiológicos durante o período perinatal como a via de parto, a hospitalização prolongada, a alimentação com fórmulas e a baixa idade gestacional, podem afetar adversamente o desenvolvimento normal da microbiota. Isso pode resultar na diminuição de lactobacillus e bifidobacterium e elevar as quantidades de clostridium. Além disso, o uso de antibióticos perinatais pode desencadear a disbiose intestinal, um estado associado a doenças de curto e longo prazo, como enterocolite necrosante (ECN) e sepse tardia (TPH) em neonatos prematuros. Ademais, recém-nascidos que experimentam restrição de crescimento intrauterino podem manifestar o catch-up, que associado ao fenótipo poupador, se a mãe passou por privação nutricional durante a gravidez, podem aumentar o risco de doenças metabólicas e obesidade na infância. Essas condições, por sua vez, elevam a probabilidade de ocorrência de outras doenças metabólicas e impactam não apenas a qualidade de vida das crianças, mas também aspectos psicossociais.