Consequências da deficiência energética relativa no esporte (RED’S) na saúde e na performance esportiva

Abstract

A deficiência energética relativa no esporte (RED’s), antes intitulada de Tríade da Mulher Atleta, trata-se de uma condição clínica causada primordialmente pela baixa disponibilidade energética (LEA), a qual ocorre devido a uma dieta restritiva com ou sem distúrbios alimentares e/ou cargas de treinamentos excessivas; afetando negativamente diversas funções fisiológicas do organismo, como por exemplo a função menstrual e reprodutiva, gastrointestinal, hematológica, saúde óssea, endócrina, cardiovascular, psicológica, taxa metabólica basal, imunidade e síntese de proteínas. Essa síndrome afeta tanto homens quanto mulheres, predominantemente as mulheres, por apresentarem uma maior preocupação com a imagem corporal, com a alimentação e com o peso, fazendo restrições alimentares que podem desencadear em transtornos alimentares. A prevalência estimada de transtornos alimentares em atletas varia de 6 a 45% e 0 a 19% para mulheres e homens, respectivamente. Também atinge mais as atletas que praticam esportes que exigem corpos magros, como as bailarinas, corredoras e ginastas devido à maior restrição de peso. O presente estudo teve como objetivo investigar as consequências da RED's na saúde e na performance esportiva, bem como identificar estratégias nutricionais para sua prevenção e seu tratamento. Esta revisão da literatura foi realizada através do levantamento bibliográfico nas bases de dados PubMed e Scielo, selecionando artigos científicos publicados entre o período de 2013 a 2023. Alguns estudos realizados com diversas modalidades esportivas investigaram os métodos de diagnóstico da RED’s. Foram aplicados questionários sobre a baixa disponibilidade energética, análises de marcadores sanguíneos, avaliação da composição corporal, aplicação do registro alimentar, histórico menstrual, transtornos alimentares, entre outros, a fim de descrever os impactos físicos e psicológicos decorrentes da restrição energética severa. Dessa maneira, a longo prazo, os atletas que sofrem com LEA podem desenvolver irregularidades menstruais/amenorréia, hipoestrogenismo, baixos níveis de testosterona, baixa densidade mineral óssea/osteoporose, redução da taxa metabólica basal, dos níveis de leptina, T3, IGF-1, aumento nos níveis de grelina, anemia ferropriva, aterosclerose precoce; maior risco de fraturas por estresse e infecções, fadiga crônica e prejuízos no ganho de força e massa muscular. No tratamento da RED’s é primordial priorizar uma equipe multidisciplinar trabalhando em prol da melhora do atleta, visando aumentar seu aporte calórico de maneira individualizada e periodizada de acordo com seu gasto energético do exercício, adequando os macronutrientes e a densidade energética (DE) dos alimentos ingeridos, aumentando a ingestão de vitamina D a fim de otimizar o tempo de cicatrização e ajustando o consumo de cálcio para reduzir a incidência de lesões por estresse ósseo.