Sífilis: um panorama diante da pandemia de Covid-19

Abstract

Considerada um problema de saúde pública, mesmo com testes sensíveis e baratos desenvolvidos para diagnóstico e monitoramento de fácil acesso, com tratamento oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde, o aumento da doença ainda é um desafio. O Ministério da Saúde monitora a infecção por meio dos índices relacionados à sífilis adquirida, que abrange toda a população e da sífilis congênita, decorrente de transmissão vertical, da mãe para feto durante a gestação, pré-natal e parto com finalidade de evitar o contágio. No Brasil, nos últimos 10 anos houve aumento no coeficiente de mortalidade infantil por sífilis, de 2,2 por mil nascidos vivos em 2009, para 5,9 por 100 mil nascidos vivos em 2019. Objetivo: Identificar e compreender as necessidades relativas à atenção na saúde da mulher e no manejo da sífilis. Método: Trata-se de uma pesquisa do tipo exploratória de abordagem quantitativa e corte transversal, caráter retrospectivo, realizada no período de janeiro a julho de 2021 em uma maternidade, no município de São Paulo. Foi realizado levantamento de dados sobre os casos de sífilis nos anos de 2019, 2020 e 2021, em razão da pandemia por COVID-19, com foco na saúde da mulher e do recém-nascido, a partir de informações coletadas em base de dados secundários de arquivos de notificação do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) e em prontuários no sistema de informação. Resultados: No período de 2019 a 2021 foram registrados 100%) casos de sífilis em gestantes, sendo 47,6% de raça/cor parda, 51,5% entre 18 e 25 anos, com detecção de 39,3% casos no 1° trimestre de gestação, 56,3% gestantes não realizaram o pré-natal e 43,7% realizaram o acompanhamento. O exame mais realizado para a detecção da doença nas gestantes foi VDRL, com 85% dos testes, seguido pelo 9,2% de TPHA. No tratamento, 64,1% das gestantes o iniciaram na maternidade e 27,2% não realizaram. Dos parceiros, 69,4% não realizaram o tratamento, apenas 0,5% foram tratados. Na evolução clínica, 66% dos casos continuaram a gestação, 25,2% resultaram em aborto e 8,7% em óbito fetal Sobre a sífilis congênita foram 1.209 casos notificados, 52,1% de raça/cor parda, 71,5% entre 18 anos e 29 anos, 44,2% cursaram ensino médio completo, 90,7% das gestantes realizaram o pré-natal. Quanto aos casos de recém-nascidos com risco para sífilis congênita, 78,2% eram assintomáticos, 79,8% ignorados, 55,8% sem alteração liquórica, 70,4% sem alteração dos ossos longos. Em ANOVA houve diferença significativa nas associações para as variáveis: realização do pré-natal (p=0,011), ao diagnóstico sífilis materna (p=0,000) e tratamento (p=0,000). Conclusão: Conhecer o perfil de casos na população é fundamental para que as ações de promoção e prevenção sejam mais eficazes, ao compreender as necessidades relativas à atenção na saúde da mulher e manejo da sífilis. Foi elaborado uma folder informativo a ser oferecido ao hospital/mulheres visando contribuir na redução de novos casos de infecção de sífilis adquirida e congênita na população, despertando o conhecimento sobre a doença e a importância da prevenção, tratamento e promoção da saúde.