A influência da microbiota vaginal na persistência do papilomavírus humano e no desenvolvimento de câncer de colo uterino

Abstract

A infecção por subtipos oncogênicos do Papilomavírus Humano é uma condição necessária para que se originem lesões de alto grau no colo uterino, entretanto, apenas a presença do vírus no ambiente vaginal não é o suficiente para induzir o câncer, indicando o envolvimento de outros fatores no processo da carcinogênese. Nesse contexto, a composição da microbiota vaginal aparenta ser um importante fator para elevar ou reduzir o risco de desenvolvimento de câncer cervical. A microbiota vaginal em condições saudáveis é caracterizada por uma grande presença de bactérias do gênero Lactobacillus spp., que desempenham um importante papel na manutenção da homeostase local, auxiliando na prevenção de infecções por microrganismos patogênicos. Entretanto, em situações de disbiose, em que ocorre uma redução ou até esgotamento de lactobacilos, observa-se uma proliferação de microrganismos patogênicos, que interfere na integridade física do epitélio e estabelece um quadro inflamatório, fatores que propiciam a infecção e persistência do HPV, favorecendo a oncogênese. Por meio da caraterização da microbiota com base em sequências de 16S rRNA, foi possível associar a presença de certos tipos de comunidades bacterianas à frequência do HPV e a processos neoplásicos em mulheres HPV positivo, reforçando o impacto das alterações na microbiota na progressão patológica da infecção pelo vírus.