RNA longo não codificante: de ruído transcricional a descoberta de papel biológico

Abstract

O tradicional dogma da biologia molecular é baseado que o fluxo de informações genéticas provem do DNA transcrito em RNA, este é traduzido em proteínas, porém, isso ocorre em menos de 2% de todo gene traduzido, em sua maioria o RNA é o produto final desse fluxo de informações. O RNA longo não codificante (lncRNA) foi, durante muito tempo, considerado um produto de transcrição sem função biológica relevante, sendo classificado como ruído (Mercer. Dinger; Mattick. 2009). No entanto, estudos recentes mostraram que os lncRNAs desempenham funções cruciais em diversos processos celulares, como a regulação da expressão gênica e a organização nuclear. A descoberta dos lncRNAs começou na década de 1990, mas foi apenas nas últimas duas décadas que os avanços tecnológicos permitiram a identificação e análise dessas moléculas com maior precisão (Laurent; Wahlested; Kapranov, 2015) Métodos baseados em transcriptômica e epigenômica são utilizados para identificação e caracterização de lncRNAs, embora ainda haja limitações na interpretação desses dados. Os lncRNAs foram classificados em diversas subclasses principalmente com base em suas características estruturais, funcionais e por localização. Eles têm sido implicados em vários processos biológicos, como diferenciação celular, desenvolvimento embrionário e doenças humanas, incluindo câncer, doenças cardiovasculares e neurodegenerativas. A importância dos lncRNAs no diagnóstico de doenças tem sido cada vez mais reconhecida. Por exemplo, a detecção de certos lncRNAs pode ser usada para o diagnóstico precoce e a prognóstico de câncer como a detecção do transcrito PVT1 que está coaumentada com o gene MYC, um proto-oncogenese (Baljon, 2023). Essa relação entre lncRNA e neoplasias demonstram potencial como alvos terapêuticos, oferecendo perspectivas futuras para a medicina personalizada. Nesta revisão de literatura o objetivo é apresentar e resumir as funções do lncRNA e sua relação com as doenças não transmissíveis humanas, utilizando como metodologia a revisão em site de bases científicas como PubMed, ScienceDirect e publicações em revistas científicas da Nature e Cell Press.