Tendência da mortalidade precoce por doenças cardiovasculares no município de São Paulo no contexto da epidemia de Covid-19

Abstract

INTRODUÇÃO: Estima-se que 17,9 milhões de pessoas morreram por Doença Cardiovascular (DCV) em 2019, representando 32% de todas as mortes globais. Destas, 85% aconteceram devido a infarto agudo do miocárdio (IAM) e acidente vascular cerebral. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) foram responsáveis por mais de 70% das mortes e as doenças do aparelho circulatório apareceram nas primeiras colocações no ano de 2018, considerando óbitos entre os indivíduos com 50 anos ou mais.???Esse alto número evidencia não só a perda de qualidade de vida, limitações e incapacidades, como também o aumento dos óbitos precoces. OBJETIVO: O presente trabalho faz uma análise descritiva dos coeficientes de mortalidade precoce por doenças cardiovasculares no município de São Paulo em duas séries históricas: 2010-2019 e 2010-2021 visando identificar se houve influência da pandemia do COVID-19 nos dados encontrados, a partir das variáveis sexo, faixa etária, raça/cor, escolaridade e coordenadoria regional de saúde. MATERIAIS E MÉTODOS: A fonte?de dados dos óbitos é o Sistema de Informações sobre Mortalidade do?município de São Paulo,?extraídos do?Informações em Saúde (TABNET) e a partir disso, foi utilizado o software Excel® para realização dos cálculos de coeficientes de mortalidade e taxas de incremento, construção das tabelas e análises de tendências lineares dos gráficos construídos. Para análise estatística, foi utilizado o software SPSS®. RESULTADOS: No período de 2010-2019 foram registrados 96.991 óbitos precoces por DCV no MSP, e entre os anos 2010 e 2022, 125.165, sendo que a maioria ocorreu entre indivíduos do sexo masculino, A faixa etária de 50 a 59 anos tem coeficientes bem expressivos em comparação às faixas etárias anteriores, o que indica que esta é uma faixa bastante acometida pelas DCV, indivíduos declarados brancos apresentam os maiores coeficientes de proporção de mortalidade precoce, seguidos pelos que se autodominam pardos, depois os que se autodominam negros, quanto à escolaridade, indivíduos com mais anos de estudo apresentam as menores taxas de morte precoce e a região Centro do município, foi a que apresentou menor coeficiente de mortalidade. CONCLUSÃO: Ainda que neste momento faltem dados científicos para afirmar que há uma relação direta entre óbitos por doenças cardiovasculares e COVID 19, há que se atentar para as altas e baixas nas tendências de mortalidade encontradas no Município de São Paulo ao longo dos anos e tomar ações corretivas e preventivas para proteger essa população vulnerável.