Diversidade de gênero e nutrição : um estudo comparativo de atletas de voleibol cis e trans em relação aos fatores associados à alimentação

Abstract

INTRODUÇÃO: A vulnerabilidade social enfrentada por mulheres transgênero (MTRANS) demanda uma abordagem apurada e diligente na esfera da saúde e das políticas públicas. A comunidade LGBTQIAPN+ enfrenta disparidades relacionadas à nutrição em áreas de obesidade, distúrbios alimentares, insatisfação corporal e insegurança alimentar. Essas repercussões podem acarretar entraves na absorção de macro e micronutrientes, essenciais para assegurar uma alimentação genuinamente saudável e um bom desempenho esportivo. No entanto, poucos estudos abordaram a qualidade da dieta de atletas MTRANS, comparando com as de mulheres cisgênero (MCIS). OBJETIVO: Este estudo buscou analisar aspectos relacionados à alimentação de MTRANS e MCIS, fisicamente ativas e jogadoras amadoras de voleibol. METODOLOGIA: Os dados transversais foram obtidos de um estudo de coorte prospectivo multidisciplinar, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (COEP) nº 5.131.456 e realizado na clínica escola (PROMOVE) do Centro Universitário São Camilo. A amostra incluiu MTRANS e MCIS adultas (18-35 anos). A avaliação hormonal das MTRANS foi realizada por médicos endocrinologistas, e a adesão ao Guia Alimentar para a População Brasileira (GAPB) foi mensurada por um questionário de práticas alimentares. O comportamento alimentar e qualidade do sono foram analisados pelo Three Factor Eating Questionnaire (TFEQ-21) e Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI), respectivamente. Um modelo de regressão linear multivariado, controlado para variáveis como comportamento alimentar, idade, qualidade do sono e Índice de Massa Corporal (IMC), foi utilizado para verificar a associação entre gênero e práticas alimentares. RESULTADOS: A amostra foi composta por 16 mulheres, sendo 8 MTRANS e 8 MCIS. Para as variáveis de idade, massa corporal, IMC e fatores associados ao sono, não foram observadas diferenças significativas. Em relação ao gasto energético de repouso, massa magra, consumo energético, carboidratos, proteínas, práticas alimentares e dimensões do comportamento alimentar, não houve discrepâncias importantes entre os grupos. Entretanto, verificou-se que a ingestão de lipídeos foi superior em relação às MCIS, evidenciando a predominância do macronutriente na dieta de MTRANS. CONCLUSÃO: Conclui-se que o gasto energético de repouso, a massa magra, o consumo energético, de carboidratos e proteínas, bem como as práticas alimentares e dimensões do comportamento alimentar não diferiram entre mulheres transgênero e cisgênero. O consumo relativo de lipídeos foi maior entre as mulheres transgênero em comparação às cisgênero. Contudo, a heterogeneidade da amostra pode introduzir erros estatísticos do tipo II.