Intercorrências associadas ao ácido hialurônico em procedimentos de preenchimento facial

Abstract

Com a grande demanda por procedimentos estéticos, o número de estudos buscando o desenvolvimento de novas técnicas e investigando os processos biológicos normais e patológicos envolvidos em tais procedimentos vem aumentando paulatinamente. Dentre os estudos voltados à investigação dos processos patológicos relacionados a procedimentos estéticos, destaca-se aqueles dedicados a uma melhor compreensão acerca dos principais eventos adversos dos preenchimentos faciais pelo ácido hialurônico. Tal compreensão e conhecimento se mostra essencial para o profissional envolvido em tais procedimentos e para o paciente que o irá receber. Em função disso, este trabalho objetivou investigar as possíveis causas dos eventos adversos decorrentes dos preenchimentos por ácido hialurônico (AH) e as formas de prevenção de tais eventos. Para a realização desse trabalho, procedeu-se uma revisão de literatura nas bases PubMed e Lilacs, tomando como base as palavras-chave “ácido hialurônico”, “preenchimento”, “face” e “facial”, “evento adverso”, “complicações”, “necrose” e “sequelas”, “nódulos”, “vascular” e “injetável”, em inglês, espanhol e em português, entre março de 2007 e setembro de 2022. O levantamento em espanhol não acrescentou nenhum trabalho além daqueles indicados com as palavras nos outros dois idiomas de investigação. O levantamento pré-selecionou 234 artigos que, após análise cuidadosa, constituíram uma amostra final de 28 artigos. Os fatores de exclusão adotados foram a redação em idiomas outros que o inglês e o português, eventos adversos relacionados a outros procedimentos faciais tais como aplicação de toxina botulínica, estimulação de colágeno e aqueles que utilizavam produtos para preenchimento que não o AH. A análise dos artigos selecionados apontou uma discussão importante a respeito da irrigação perinasal e periorbicular da boca, com uma noção quase unânime da necessidade de um maior conhecimento a respeito dessa anatomia e de suas variações anatômicas mais comuns e com pontos convergentes e divergentes na descrição dessa anatomia oferecida pelos diferentes autores. A análise também mostrou uma maior concordância entre os autores quanto ao fato de que as injeções no terço médio da face devem ser realizadas com cuidado para evitar o deslocamento do preenchedor além da área a ser tratada. Especificamente, as injeções na região da porção mediana da bochecha precisam ser realizadas com cuidado para evitar a artéria infraorbital. Além disso, os autores salientam que injeções próximas ao nariz requerem treinamento e experiência específicos devido ao risco de complicações graves, incluindo cegueira e necrose. De acordo com o levantamento, os principais fatores de risco para complicações pós-preenchimento com AH incluem a técnica de aplicação, a quantidade de produto utilizado, a localização da injeção, a profundidade, a habilidade e experiência do profissional que realiza o procedimento, além da escolha do produto de preenchimento. A análise dos artigos indica que o preenchimento facial com AH é um procedimento relativamente seguro e eficaz, desde que seja realizado por profissionais qualificados e que sigam diretrizes de segurança e higiene adequadas. Os efeitos adversos precoces, como edema, equimose, vasoclusão, necrose e cegueira, e os persistentes, como infecções, nódulos, granulomas, reações de hipersensibilidade, são indicados como efeitos de baixa ou rara frequência e são discutidos em graus variáveis