A influência do Instagram nos padrões de beleza e comportamentos alimentares: uma análise crítica

Abstract

O conceito de beleza corporal ao longo da história é tido como um conceito universal, cada sociedade tem seu próprio padrão de beleza, influenciado pelos valores e pensamentos vigentes na época. Desde a Antiguidade, vários padrões de beleza foram estabelecidos e mudaram com o tempo, incluindo a valorização do corpo masculino, a associação do corpo ao pecado na Idade Média, a valorização da ciência e razão no Renascimento, a ênfase na magreza no século XX e a classificação da obesidade como doença pela Organização Mundial da Saúde. O uso do IMC para medir o peso e a altura tornou-se um método amplamente utilizado em todo o mundo. A mídia surgiu como uma forma de comunicação em massa. Com a popularização da internet surgiram as redes sociais, criando um cenário mais democrático para a difusão de informações. A mídia tem a capacidade de moldar diversos aspectos da sociedade, como a alimentação, os padrões de consumo de alimentos e os ideais de beleza. O estudo analisa os conteúdos postados no aplicativo Instagram para compreender a influência nos padrões de beleza e comportamentos alimentares e discute o posicionamento de nutricionistas nessa rede social. Foi realizada uma revisão de literatura com os descritores: adolescentes; comportamento alimentar; imagem corporal e mídias, de 2001 a 2021. Procedeu-se à construção um check list que possibilitasse uma investigação descritiva mediante uma análise documental, a qual se valeu do Instagram como fonte para coleta de dados. O check list, elaborado com base na revisão de literatura, foi preenchido a partir das postagens de 21 perfis. Tratou-se de uma amostra de conveniência, que incluiu jovens adolescentes como seguidores; no mínimo 90.000 seguidores, pelo menos um perfil da área da saúde, perfis do sexo feminino e masculino e das raças branca, amarela e negra. Os dados coletados foram digitados e tabulados utilizando a planilha Excel para serem analisados. Dos 21 perfis, a maioria é composta por mulheres brancas, entre 21 e 40 anos, que fazem conteúdo sobre estilo de vida, nutrição, alimentação e atividade física. Sobre sua própria dieta, 13 perfis afirmam seguir orientações de nutricionistas, 12 incentivam dietas específicas e quatro afirmam ter alguma restrição. Quanto aos transtornos alimentares, 10 demonstraram preocupação em não disseminá-los em seus seguidores, mas apenas dois perfis falam abertamente sobre como se curaram. Apesar dos perfis masculinos publicarem com mais frequência sobre atividade física e suplementos, 15 incentivam a prática de exercícios. Embora alguns sejam nutricionistas, um posta possíveis gatilhos para transtornos alimentares, dois fazem publicidade e um vangloria o próprio corpo, descumprindo o código de ética. Postagens sobre preconceitos, consumo de álcool e de suplementos, imagem corporal e padrões de beleza inatingíveis também foram analisadas. A relação entre a mídia, redes sociais, padrões de beleza e transtornos alimentares é um assunto complexo, portanto objeto de debate na comunidade científica. Para aprimorar o entendimento sobre a influência das redes sociais no comportamento, é recomendável que estudos sejam realizados com a percepção dos seguidores.