Ódio nas redes sociais, ética e psicanálise: uma discussão contemporânea

Abstract

A internet indiscutivelmente é um dos mais significativos adventos contemporâneos com efeitos profundos no laço social, inaugurando uma nova forma de comunicação que é feita no campo digital, instantânea, sem mediadores, muito embora impulsionada e direcionada ao sabor de demandas e discurso que nem sempre se mostram com clareza. Com ela surgiram as famigeradas redes sociais que atualmente acumulam bilhões de usuários em todo o mundo. As práticas sociais de certa forma desdobraram-se para este campo virtual, adaptando-se a esta nova realidade, apesar de suas consequências não permanecerem somente atrás das telas e em franco anonimato. Este trabalho teve como objetivo estudar o fenômeno contemporâneo do ódio nas redes sociais e suas ressonâncias no laço social. Trata-se de uma revisão narrativa. Tendo em vista a complexidade do tema foram utilizadas as teorias psicanalíticas de Freud e Lacan para compreender e problematizar a questão do ódio na produção de uma reflexão sobre a responsabilização do sujeito frente a modalidades que gera a destruição ao outro, mesmo que através da virtualidade. A partir deste estudo, foi possível compreender a complexidade deste fenômeno, uma vez que o ódio encontra-se entranhado no cerne da constituição do sujeito, sendo estes também sujeitos de seu tempo, ou seja, sua dimensão sócio-histórica faz com que os sujeitos também sejam agentes dos discursos vigentes na contemporaneidade. De tal forma que é inequívoco perceber a dimensão política deste tema que tratamos aqui. Para tal, o reconhecimento do ódio, como inerente ao ser humano, bem como a tendência à alienação faz com que o sujeito mude sua posição no laço social. Este processo implica o questionamento dos discursos e normas hegemônicas que naturalizam a violência e a destruição ao outro. Outrossim, a proposição final deste trabalho é valer-se da psicanálise como ferramenta ética e política que vai de encontro às diversas manifestações de gozo, incluindo aquele associado ao ódio e às suas formas de propagação. De tal forma que o sujeito então seja capaz de se responsabilizar dentro do laço social contemporâneo, ou seja seguindo em direção à ética.