Potencial de aplicação clínica das assinaturas mutacionais geradas pela exposição à colibactina produzida por cepas de escherichia coli PKS+

Abstract

O câncer colorretal (CCR) é o terceiro câncer mais comum no mundo e é a segunda causa de morte associada a neoplasias, possuindo, como uma de suas causas, cepas patogênicas de Escherichia coli, a principal bactéria residente do intestino grosso e componente da microbiota. Dentre as cepas, E. coli pks+ têm chamado atenção, visto que são produtoras da colibactina, toxina que gera quebras de fita dupla no DNA, ativação de vias de reparo e interrupção do ciclo celular. Estudos recentes demonstram que a colibactina gera assinaturas mutacionais específicas nos tumores de pacientes com CCR. O objetivo do trabalho é avaliar o potencial de aplicação das assinaturas mutacionais geradas pela exposição à colibactina produzida por cepas de Escherichia coli pks+ no âmbito clínico. Para isso, foi realizada uma revisão bibliográfica integrativa de artigos, livros e teses produzidos entre os anos de 2015 a 2022, nos idiomas português e inglês, em bases de dados como Google Scholar, Pubmed e Lilacs. A assinatura específica de colibactina é caracterizada por um padrão de substituição de base única em sequências ATA, ATT ou TTT (SBS88) além de deleções de timina em homopolímeros T (ID18). Observou-se que estes padrões estão presentes em organoides intestinais humanos, tecidos de pacientes com doenças inflamatórias intestinais e metástases de câncer colorretal. As assinaturas mutacionais fornecem informações sobre a etiologia do tumor e identificam processos mutagênicos na célula neoplásica, atuando como biomarcadores para determinados tipos de cânceres e como preditores de terapia. Apesar das desvantagens, novos estudos e ferramentas de bioinformática têm sido desenvolvidos a fim de se aprimorar e baratear a aplicação de novas assinaturas na clínica. As assinaturas mutacionais geradas por colibactina podem, portanto, fazer com que abordagens melhores relacionadas à dieta e à administração de fármacos ao paciente sejam tomadas para se obter uma resposta e/ou prognóstico mais adequados, bem como servirem como biomarcadores para identificação de lesões e, futuramente, orientar decisões de tratamento.