A análise do impacto na letalidade por sepse após a implantação de um protocolo gerenciado

Abstract

A sepse pode ser definida como uma disfunção potencialmente fatal causada por uma resposta desregulada do hospedeiro e associada a uma infecção, sendo uma síndrome e não uma doença. É considerada como uma ativação precoce de resposta pró e anti-inflamatórias. No decorrer dos anos houve um aumento da incidência da sepse, relacionado, possivelmente, ao aumento do número de pacientes de risco. A síndrome pode ser classificada em sepse e choque séptico, dependendo do grau de evolução e sintomas apresentados. As chances de óbito aumentam de forma diretamente proporcional à demora no diagnóstico. Pacientes apresentam perfis clínicos bastante variados, portanto, existem pesquisas com o intuito de estabelecer protocolos auxiliadores e facilitadores do trabalho dos profissionais da saúde capazes de definir estratégias de monitoramento e cuidados intensivos. Objetivos: Avaliar o impacto na redução da letalidade por sepse após implantação de um protocolo gerenciado de sepse no Hospital Alemão Oswaldo Cruz no período de outubro de 2011 a setembro de 2016 e descrever o perfil microbiológico dos casos de sepse com etiologia definida. Métodos: estudo do tipo quasiexperimental, cujas intervenções foram: 1) implantação de um protocolo de reconhecimento e tratamento inicial de sepse; 2) criação de um time de resposta rápida (código amarelo) para atendimento de pacientes com sepse. De acordo com os tempos de intervenções, a população foi dividida em A, B e C. Foram incluídos todos os pacientes admitidos por sepse dentro do período estudado. Foram descritas as seguintes variáveis clínicas e demográficas de cada população e realizada uma análise descritiva dos micro-organismos envolvidos e seu perfil de sensibilidade. Os testes estatísticos foram bicaudais e p<0,05 foi considerado significativo. As análises dos dados foram realizadas utilizando o software Epi Info? versão 7. Resultados: Foram incluídos ao estudo 961 pacientes. Entre o período B e C, no qual houve a implantação do código amarelo, foi vista uma queda significativa na letalidade por sepse em 30 dias, com as taxas de 36,6% e 29%, respectivamente. Os micro-organismos mais frequentes nos três períodos foram Staphylococcus coagulase negativo, Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae. Conclusão: A sepse na maioria das vezes, está relacionada com alterações do sistema respiratório e os micro-organismos mais isolados nos casos são cocos Gram positivos e bacilos Gram negativos. A grande taxa de óbito dessa síndrome está relacionada, entre outros fatores, à demora do diagnóstico. Por isso, a criação de protocolos e times de resposta rápida, que tem como intuito a diminuição do tempo entre entrada hospitalar e diagnóstico é muito importante.