Impacto da seletividade alimentar no estado nutricional de crianças autistas

Abstract

INTRODUÇÃO: O Transtorno do Espectro Autista é caracterizado como um transtorno do neurodesenvolvimento. Geralmente, se manifesta cedo, o que correlaciona o autista com a dificuldade em relações sociais, pessoais e profissionais, entre outros sintomas comuns, estão a realização de comportamentos repetitivos e interesses restritos. Por conta disso, podem surgir problemas relacionados ao comportamento alimentar e consequentemente, ao estado nutricional de crianças autistas. Uma das intercorrências que os responsáveis relatam é a seletividade alimentar, onde a aceitação dos alimentos é extremamente restrita e limita a inserção de novos alimentos, impossibilitando a nutrição adequada para o desenvolvimento e crescimento desse público. OBJETIVO: Avaliar a influência do comportamento alimentar de crianças autistas no surgimento de deficiências e alterações no estado nutricional. MÉTODOS: Pesquisa de revisão bibliográfica do tipo narrativa, realizada por meio da busca de artigos científicos originais publicados a partir de 2006, nacionais e internacionais, utilizando os termos: autismo, criança, comportamento alimentar, seletividade alimentar e estado nutricional. Utilizou-se o operador booleano AND. Posteriormente à leitura completa dos trabalhos pré-selecionados, foram incluídos neste estudo aqueles com delineamento de pesquisa experimental e observacional realizados com crianças autistas. RESULTADOS: Foram incluídos no estudo 36 artigos, que preencheram os critérios propostos. Algumas alterações sensoriais ocorrem nos indivíduos com Transtorno do Espectro do Autismo, como por exemplo quadros de hipo ou hiperatividade em relação a algum estímulo, alterações no paladar, olfato e tato, onde há dificuldade na percepção, diferenciação desses sentidos, além de restringir a aceitação de alguns sabores e texturas o que pode acarretar no desenvolvimento de distúrbios alimentares, onde cerca de 80% de crianças com autismo podem manifestar algum deles. Durante a infância, as preferências alimentares são geralmente embasadas nos aspectos de cor e sabor, porém, em crianças autistas, as opções de escolha são ainda mais restritas, onde o indivíduo pode limitar seu repertório em apenas cinco alimentos, o que afeta o aporte nutricional necessário para o desenvolvimento adequado da criança. Estudos demonstram que crianças autistas possuem de duas a três vezes mais chances de desenvolver obesidade, acredita-se estar relacionado com o sedentarismo ocasionado pela falta de atividade física e isolamento social, além do mais, a neofobia alimentar somadas as outras práticas do comportamento de indivíduos com Transtorno do Espectro do Autismo está associado a maiores valores de Índice de Massa Corporal. Outro fator decorrente do comportamento alimentar de crianças autista é a ingestão inadequada de micronutrientes que acarretam na deficiência de vitaminas e minerais indispensáveis para o indivíduo. Estudos relatam que as principais deficiências são de vitaminas A, D, E, C, complexo B, além de, cálcio, ferro e zinco. CONCLUSÃO: Conforme revisão da literatura, foi possível verificar que o comportamento alimentar característico de crianças com Transtorno do Espectro do Autismo está diretamente associado com quadros de deficiências nutricionais diversas, bem como maior propensão para o desenvolvimento de excesso de peso e obesidade. Por ser um tema emergente, a literatura carece de dados que possibilitem uma conduta nutricional específica para o manejo destas intercorrências alimentares nesta população, fazendo-se necessário mais estudos nesta área de pesquisa.