Abordagens nutricionais no tratamento do transtorno do espectro autista

Abstract

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio caracterizado pela alteração no desenvolvimento neurológico de um indivíduo, apresentando aspectos característicos e estereotipados em seu comportamento. Além dos principais sintomas neurológicos do TEA, há uma série de desordens gastrointestinais (GI) que afetam os portadores. Se esses fatores não forem bem administrados, podem prejudicar o equilíbrio funcional do organismo e consequentemente interferir diretamente na sintomatologia da doença. Devido ao aumento da prevalência do TEA, onde 1 a cada 54 crianças é portadora, tornou-se expressiva as pesquisas por diferentes métodos de intervenção para tratar os sintomas da doença, uma vez que ela não tem cura. Acredita-se que a nutrição esteja ligada ao TEA e, por isso, terapias médicas e nutricionais específicas para a síndrome vêm sendo desenvolvidas nos últimos anos. Assim, o objetivo deste estudo foi apresentar as diferentes abordagens nutricionais inseridas no tratamento do TEA. Trata-se de revisão bibliográfica, cuja pesquisa foi levantada entre os meses de janeiro e junho de 2020. Utilizou-se diretrizes, revistas online e artigos científicos indexados nas bibliotecas virtuais SciELO e BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), base de dados Medline, PubMed e Google Schoolar, publicados no período de 2010 a 2020. A relação entre nutrição e autismo tem sido um dos tópicos de pesquisas nos últimos anos como tratamento alternativo para a redução dos impactos negativos causados pelos sintomas da doença, com abordagens que envolvem principalmente a dieta cetogênica, dieta livre de caseína e sem glúten, entre outras. As anormalidades GI como diarreia, constipação, alergias, intolerância alimentar e dor abdominal são frequentemente encontradas em crianças com TEA. Apesar das causas dessas anormalidades serem desconhecidas, sugere-se que particularmente um número reduzido de bifidobactérias esteja associado a microbiota intestinal (MI) alterada desses indivíduos. Pessoas com TEA também apresentam com frequência deficiências nutricionais de vitaminas e minerais devido à alta seletividade alimentar e rotina monótona de alimentos. Muitos achados apontam que a intervenção nutricional pode ajudar significativamente pacientes com autismo. Entretanto, pesquisadores elucidam que abordagens nutricionais sozinhas não são suficientes para o tratamento do autismo, sendo necessário a suplementação de ácidos graxos ômega 3, vitaminas e minerais em casos confirmados de deficiência, além de prebióticos e probióticos para alterações da MI que sofre anormalidades, combinada com intervenções médicas. Conclui-se que a nutrição exerce um papel muito relevante no tratamento do TEA, pois contribui para a diminuição dos sintomas GI que influenciam no comportamento problemático, além de proporcionar melhor qualidade de vida aos portadores. Apesar dos resultados promissores, é necessário a realização de estudos clínicos com melhores delineamentos e métodos de avaliação padronizados para assegurar evidências científicas mais concretas sobre cada abordagem, uma vez que as conclusões ainda são conflitantes.