Mecanismos neuro-hormonais envolvidos na insuficiência cardíaca com função sistólica preservada.

Abstract

A insuficiência cardíaca (IC) é o estágio final das doenças que acometem o coração e sua prevalência é alta em todo o mundo. É uma doença que atinge, principalmente, idosos do gênero feminino, devido o envelhecimento e consequente rigidez natural do miocárdio. Segundo dados epidemiológicos, a insuficiência com função sistólica preservada (ICFSP), representa 50% de todos os casos de IC, sendo considerada uma doença de grande relevância clínica. A disfunção diastólica é o principal fator predisponente desta e consiste no comprometimento da distensibilidade e complacência do ventrículo esquerdo no momento da diástole. Esta disfunção, se dá a partir de eventos macro e micro estruturais, tais como a hipertrofia miocárdica, causada pela sobrecarga de pressão no ventrículo e deposição de colágeno na matriz extracelular, que por sua vez terá seu metabolismo alterado acumulando sua forma mais rígida (colágeno tipo I) e contribuindo assim, para a fibrose miocárdica. Eventos desencadeados no nível intracelular envolve alteração na bomba de cálcio do retículo sarcoplasmático (SERCA), a qual terá sua atividade diminuída comprometendo o transporte de cálcio para o retículo, acarretando o aumento da concentração de cálcio citoplasmático, prejudicando o relaxamento ventricular. As alterações na expressão das isoformas de titina, proteína gigante presente nos sarcômeros, também terão um papel fundamental no desenvolvimento da hipertrofia dos cardiomiócitos, uma vez que, a expressão de titina N2B (isoforma mais rígida) aumenta quando comparada a titina N2B2 (isoforma mais flexível). Uma vez instalada, a ICFSP promoverá a ativação de alguns mecanismos compensatórios, os quais irão manter a homeostase do organismo. Dentre estes mecanismos estão envolvidos o sistema nervoso autônomo (SNA), no qual o sistema nervoso simpático (SNS) estará mais ativado, e o sistema hormonal. Inicialmente, a ativação destes sistemas é benéfica, porém ao serem hiperativados de forma crônica causarão dano em todo o sistema cardiovascular sobrecarregando cada vez mais o coração já insuficiente, isto contribuirá para a progressão do quadro de IC.